Um dos principais produtores do agronegócio brasileiro, o setor cafeeiro obtém excelentes resultados a partir da aplicação de tecnologias nos processos agrícolas. Essa prática já existe e tem nome: trata-se da cafeicultura 4.0!
Da indústria ao campo, as ferramentas digitais do conceito 4.0 são aplicadas nas plantações de café, resultando em um modelo de produção mais eficiente, menos custoso e de baixo impacto ambiental.
Neste artigo, discutiremos qual a importância desse grão para a balança econômica brasileira, o que é a cafeicultura 4.0, além de seus reais impactos e benefícios nas lavouras. Confira abaixo!
Cafeicultura no Brasil: um grão de valor para a balança comercial do país
A ampla a presença do café em terras brasileiras data do século XVIII. Entretanto, foi entre os séculos XIX e XX que o cultivo passou ganhar destaque no país, sobretudo nos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Com as condições favoráveis de clima e solo para a plantação, a produção cafeeira logo tornou-se um dos produtos de destaque no mercado doméstico e na exportação para diversos países.
Essa não é uma fotografia de um tempo passado, mas do presente. De acordo com relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a cafeicultura gerou — apenas em 2022 — quase R$56 bilhões de receita, representando 69% de tudo que é produzido na agropecuária brasileira.
Nesse sentido, o Brasil segue como o maior exportador de café no mercado mundial, respondendo por um terço da produção no planeta inteiro, conforme aponta o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
É importante destacar que a cafeicultura brasileira é uma das mais exigentes, preocupando-se com aspectos sociais e ambientais ao longo de toda a cadeia produtiva e resultando em valor agregado a um produto responsável.
Para se adequar às demandas do mercado e dos consumidores de forma geral, a agricultura digital habilitada pelas telecomunicações surge como uma excelente ferramenta para tornar a cafeicultura uma atividade agrícola assertiva, sem desperdícios e sem uso excessivo de agroquímicos.
Ou seja, a cafeicultura 4.0 envolve processos que trarão melhores resultados, maior sustentabilidade e menos gastos ao produtor rural!
Cafeicultura 4.0: transformação no campo durante a era digital
Baseada na automação industrial, a cafeicultura 4.0 é uma abordagem que reúne tecnologias digitais avançadas para melhorar a eficiência, qualidade e sustentabilidade da produção.
Com o cruzamento de informações consolidadas e armazenadas em tempo real pela inteligência artificial, big data e Internet das Coisas (NB-IoT), a cafeicultura de precisão apresenta recomendações de estratégias que possibilitem o melhor gerenciamento da cultura, transformando a forma como o café é cultivado e colhido.
Com o cruzamento de variáveis consolidadas por sensores, por exemplo, o agricultor passa a aplicar a quantidade correta de insumos agrícolas (fertilizantes, sementes e defensivos) no momento adequado e no local correto, expandindo a rentabilidade do cultivo e tornando seu negócio mais competitivo.
No caso do ramo de cafés especiais, a cafeicultura de precisão contribui para a melhoria da qualidade do grão. Isso porque os produtores conseguem ter mais controle sobre as condições de cultivo, garantindo maior consistência à produção e apresentando ao consumidor final toda a rota de produção.
Benefícios práticos da cafeicultura 4.0
Como explicamos acima, os benefícios da cafeicultura 4.0 passam por todas as etapas do cultivo, desde o plantio à colheita.
Com o uso da tecnologia de informação baseada nos fatores de clima, solo e plantas, a agricultura digital aplicada ao café não só auxilia na tomada de decisões, como também contribui para a sustentabilidade da produção.
Nesta matéria produzida pela TV Agro+, você pode conferir uma entrevista com Iuri Santos, agrônomo e especialista no tema:
A partir da aplicação de sensores inteligentes, os agricultores podem realizar uma gestão eficiente de irrigação, controlando a quantidade exata necessária e no horário mais adequado da rega.
Já as imagens captadas por drones e por mapas de georreferenciamento auxiliam na identificação das propriedades físicas e químicas do solo.
Essas mesmas tecnologias possibilitam a identificação exata das áreas afetadas por doenças e pragas, indicando também o melhor tratamento para o talhão em específico. Portanto, a menor quantidade utilizada de defensivo confere menos gastos ao produtor e mais segurança ao consumidor final.
A utilização de colhedoras com tecnologias embarcadas e autônomas também elevam o grau de produtividade da cafeicultura 4.0, pois otimizam o tempo de trabalho e evitam o desperdício.
Desafios de conectividade ainda são consideráveis no setor cafeeiro
Embora a tecnologia tenha um grande peso para o sucesso do agronegócio, uma pesquisa realizada pela Rabobank indica que apenas 5% dos cafeicultores utilizam soluções como aplicativos, sensoriamento remoto e drones.
O principal gargalo citado por especialistas é a falta de conectividade no campo, visto que mais de 70% das propriedades rurais seguem sem acesso à internet rural.
Atentas a essa pauta, diferentes organizações compõem a ConectarAGRO para promover a ampla cobertura do 4G em 700MHz nas áreas rurais e remotas, bem como demonstrar os reais benefícios da internet rural para a eficiência agrícola.
Em 2022, por exemplo, foram mais de 12 milhões de hectares de terra conectados pelas empresas associadas e apoiadoras da Associação!
Outro eixo prioritário para a entidade é o fomento de políticas públicas que democratizem o acesso à internet para que produtores rurais obtenham crescimento econômico e desenvolvimento humano e social.
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Agora que você está por dentro das oportunidades e desafios da cafeicultura 4.0, que tal se antecipar e ler também as principais tendências do agro para 2023?