Convênio ConectarAGRO-UFV realiza workshop e seminário sobre os caminhos para a conectividade e as soluções disponíveis

grupo de pessoas da ConectarAGRO e UFV em workshop sobre conectividade

Entre os dias 20 e 22 de julho, a Associação ConectarAGRO, em parceria com o projeto de extensão AgroPlus-UFV, realizou um evento na Universidade Federal de Viçosa (UFV) abordando o potencial da conectividade em propriedades de pequena e média escala. O workshop e o seminário contaram com a participação do reitor da UFV, Demetrius David da Silva, do pesquisador, extensionista e professor do Departamento de Economia Rural, Aziz Galvão, membros da ConectarAGRO, além de executivos, produtores rurais, comunidade acadêmica local, prefeitos e secretários municipais das cidades da Zona da Mata de Minas Gerais.  

O evento teve como objetivo apresentar os resultados parciais do convênio ConectarAGRO-UFV, discutir tecnologias do ponto de vista técnico e econômico para a agricultura, bem como definir próximas ações do projeto. A parceria também buscou integrar os parceiros locais e regionais do projeto com a Associação. 

“O foco é bastante pragmático: ser um projeto de extensão aplicado, levar benefícios aos produtores rurais e servir de modelo. A UFV é referência no âmbito conectado”, diz Aziz Galvão.

Propriedades rurais apresentam o uso prático da conectividade no campo 

A agenda contemplou a visita a três propriedades rurais de pequena escala com foco no cultivo de café (Educampo/Sebrae-MG) e na pecuária leiteira (PDPL/Nestlé). Durante o percurso, os produtores destacaram a importância da tecnologia e conectividade para a geração de renda e qualidade de vida. 

Trazendo a agricultura de precisão para a prática, os agricultores realizam planejamentos de safra a partir de dados disponíveis nos aplicativos de seus celulares, desenvolvendo um mapeamento dos processos de produção agrícola. 

“Já usamos sensores nos ventiladores, eles diminuem a velocidade à noite, por exemplo. Também temos acesso às informações sobre a situação das vacas a partir do uso de chips, as quais podem ser acessadas a distância”, explica Antônio Maria, proprietário da Fazenda Nô da Silva, fazenda de pecuária leiteira e parceira do PDPL (projeto de extensão de pecuária leiteira da região).

Os responsáveis pela fazenda de cafés especiais e gourmet explicam que a tecnologia de rastreamento agrega valor ao produto vendido, uma vez que o cliente pode conferir dados como as características dos grãos e o local onde foram plantados. O uso da internet também faz parte da estratégia de vendas: a propriedade vende seus cafés exclusivamente pelo Instagram. 

Workshop endereça soluções tecnológicas para problemas de conectividade  

Dando continuidade à programação, o workshop foi dividido em áreas temáticas simultâneas sobre conectividade rural, agricultura de precisão, gestão/comercialização e cidadania. As discussões giraram em torno dos problemas de conectividade, das soluções tecnológicas viáveis e das sugestões para projetos e ações. 

O 4G em 700MHz como conectividade de alta cobertura coletiva foi uma das soluções mencionadas. Para o líder do Comitê de Comunicação e Marketing da ConectarAGRO, Renato Coutinho, “a conectividade habilita o uso de tecnologias no campo, fomenta a educação de produtores e desenvolve um ambiente mais seguro para os agricultores”. 

Os agricultores locais levantaram a relação entre conectividade e segurança, uma vez que o acesso à internet permite que o produtor tenha contato direto com a polícia local. O destaque também foi o papel da educação no letramento digital e no acesso às informações de transparência governamental como maneiras de exercer a cidadania. 

Outro ponto importante foi o impacto da qualidade da internet nas práticas gerenciais. Assim, os membros da Associação pontuaram a importância da capacitação das equipes no onboarding de tecnologias embarcadas nas máquinas. 

“O workshop apresentou uma diversidade de atores das cadeias produtivas, os quais se uniram para pensar na conectividade como impulsionadora da tecnologia e, por extensão, do campo”, avalia a presidente da ConectarAGRO, Ana Helena de Andrade

Membros da Associação fazem parte de seminário aberto à comunidade acadêmica 

Ao fim do evento, os extensionistas da AgroPlus-UFV e os representantes da ConectarAGRO realizaram um seminário aberto à toda comunidade acadêmica, como professores e alunos. 

Na palestra sobre o potencial da agricultura 4.0, Ana Helena destacou os benefícios da conectividade, como o acompanhamento em tempo real de gestão de riscos, o uso compartilhado de máquinas e o acesso à organização e gestão de pessoal nas propriedades rurais. “O campo não tem como esperar. Surge cada vez mais a necessidade de máquinas tecnificadas para tornar a agricultura mais produtiva”, ressalta a presidente da Associação.  

Na exposição sobre conectividade rural e telecomunicações, Renato Coutinho trouxe uma perspectiva técnica sobre estruturação de tecnologias no campo. “Além da otimização de processos, a internet rural proporciona a aproximação dos serviços públicos, a educação formal e técnica de produtores, a integração com facilidades da vida urbana e, consequentemente, a qualidade de vida dos agricultores”, explica. 

Outra estrutura abordada foi o padrão NB-IoT, rede de baixa transmissão de dados projetada para o uso de sensores a longas distâncias para automação de máquinas. “A conectividade causa uma mudança de paradigma nos modelos de negócios e de produções. Por isso, há sempre um compromisso com a tecnologia e o benefício que ela irá trazer aos agricultores”, complementa Renato Coutinho.  

ConectarAGRO participa de série de lives da plataforma digital Broto, do Banco do Brasil

convidados do Banco Broto em live sobre conectividade no campo

Ampliando suas parcerias com atores de serviços financeiros, a ConectarAGRO participou, em junho, de duas lives da plataforma digital Broto, do Banco do Brasil. A série Circuito de Negócios Agro teve dois episódios dedicados ao tema “Conectividade no Campo”. Transmitidas pelo Youtube, as lives tiveram a participação da presidente da Associação, Ana Helena de Andrade, e do membro do Conselho de Administração, Alexandre Dal Forno. A mediação foi realizada pelo superintendente de Varejo Rio Grande do Sul do Banco do Brasil, Pablo Ricoldy.

Em alinhamento com a proposta da plataforma digital Broto — empresa que atua na cadeia produtiva do agronegócio por meio do marketplace e da oferta de acesso ao crédito do Banco do Brasil —, os porta-vozes fortaleceram o protagonismo da ConectarAGRO como articuladora de sistemas tecnológicos ligados à conectividade no campo. 

Nesse sentido, Ana Helena reforçou o propósito da Associação: “A ConectarAGRO surgiu da percepção de que mesmo o agro sendo responsável por 27% do PIB do Brasil, a infraestrutura de conectividade não é uma realidade. A partir do diálogo entre diferentes atores do agro e empresas de soluções, entende-se que há uma deficiência de infraestrutura˜. 

A conectividade é o grande habilitador da agricultura no Brasil. Para promovê-la, o 4G em 700MHz apresentou-se como a solução mais aderente às demandas dos grandes, pequenos e médios produtores, uma vez que permite uma conexão aberta, acessível e simples. Neste tipo de rede, não há a necessidade de grandes investimentos em antenas e equipes especializadas. Da mesma maneira, ela aumenta a qualidade e competitividade do setor agrícola, expandindo o acesso à internet de escolas e unidades públicas de saúde rurais. 

Dal Forno explica os benefícios: “Em comparação com as redes satelitais e privadas, o 4G em 700MHz proporciona a cobertura de grandes extensões por meio de um ecossistema utilizado no mundo todo, o que dá mais segurança e confiança ao produtor rural”. Além disso, uma rede móvel e abrangente impacta positivamente na produtividade das fazendas conectadas: “Algumas soluções que podem trabalhar diretamente na digitalização da agricultura são associadas à gestão de máquinas com a telemetria, gestão de irrigação, monitoramento de pragas até a questão de posicionamento que é muito necessária na agricultura de precisão. A economia utilizando essas soluções pode chegar a R$177 hectare/ano”, complementa.

Para atingir o objetivo da Associação, Ana Helena explicou que a ConectarAGRO trabalha em três frentes relevantes: a primeira é a implementação de modelos de negócios que viabilizem os investimentos em áreas de baixa densidade populacional, em uma sinergia entre as grandes, médias e pequenas empresas agrícolas. 

O segundo eixo está na discussão institucional sobre os recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) e das contrapartidas no leilão do 5G para a priorização de áreas rurais e a obrigatoriedade de cobertura com 4G em rodovias federais e escolas rurais, por exemplo. A terceira frente, ainda de acordo com Ana Helena, é o desenvolvimento de políticas públicas junto aos governos dos estados líderes na produtividade agrícola. 

Entre as ações em andamento, a ConectarAGRO e a Datora — juntamente com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) — encomendaram um estudo à Escola Superior de Agricultura (Esalq-USP) para mapear a conectividade nas áreas das cooperativas – as quais possuem representação no colegiado do Fust, ao lado da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Outra atividade é o lançamento já anunciado do Simulador gratuito de benefícios de conectividade. A aplicação ajuda o produtor rural a contabilizar o ganho que a internet rural traz à sua propriedade. Desenvolvido coletivamente a partir de uma proposta evolutiva, o Simulador apresenta qual é o percentual de economia em cada área de uma produção.

Ao fim da programação, os fundadores e integrantes da ConectarAGRO destacaram os resultados alcançados até agora pela Associação. Dal Forno lembrou: “Auxiliamos a promover a conectividade, via banda larga 4G em 700MHz, para mais de 7 milhões de hectares de áreas rurais e remotas no Brasil, beneficiando aproximadamente 1 milhão pessoas e conectando 140 escolas públicas e 31 unidades básicas de saúde”. 

Ana Helena complementou: “Nosso objetivo é chegar a 13 milhões de hectares conectados até 2023. É um grande desafio, mas o produtor precisa digitalizar sua fazenda para fortalecer a competitividade e reduzir os custos de produção”. 

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