É fato que a tecnologia na agricultura torna a produção ainda mais eficiente e menos custosa para seus administradores, visto que o uso de dados permite tomadas de decisões assertivas.
Apesar do agronegócio representar cerca de 27% do PIB brasileiro, muitos agricultores enfrentam dificuldades para utilizar as tecnologias dos maquinários devido à falta de conectividade nas áreas rurais.
Ou seja, o campo é um protagonista de nossa economia, mas ainda necessita passar por uma série de transformações tecnológicas, sociais, ambientais e mercadológicas para manter a oferta para uma demanda crescente.
Logo, qual o caminho para tornar o agro conectado e, por extensão, inovador?
De acordo com o relatório da Visão da Inovação e Competitividade do Agronegócio, divulgado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o principal pilar estratégico está nas políticas públicas para criação de alto valor por meio das tecnologias 4.0.
Outra ação fundamental apontada é a expansão de cobertura, velocidade e estabilidade na comunicação de dados para sedimentar a competitividade do mercado agrícola.
Motivados por este cenário e pela discussão realizada durante a ABAG Talks com a presidente da ConectarAGRO, Ana Helena de Andrade, preparamos este artigo sobre o tema! Confira abaixo.
Qual a tecnologia de telecomunicação mais adequada às necessidades dos agricultores?
A agricultura brasileira desponta com a utilização de tecnologias avançadas. Entretanto, ainda segue com um ambiente de infraestrutura deficitária. Isso porque existe uma falta considerável de telecomunicações e conectividade nos locais onde as máquinas trabalham.
Em outras palavras, as tecnologias na agricultura existem a partir de painéis e sensores embarcados, entretanto os dados são subutilizados por falta de rede nesses espaços. Seja um sistema de rastreamento, mapa de plantio ou coleta de dados, é a internet rural que permitirá a sincronização e consolidação das informações.
Para superar um gargalo que produtores rurais de outros países competitivos não experimentam, empresas de diferentes áreas se reuniram para propor soluções pela cobertura em áreas rurais e remotas.
Este é o caso da ConectarAGRO, associação sem fins lucrativos que possui um único propósito: promover as telecomunicações no campo para que a produtividade agrícola se torne ainda mais acelerada.
Entre as tecnologias regulamentadas pelo Governo Federal, o 4G em 700 MHz se apresenta como a ferramenta mais aderente às necessidades dos agricultores, permitindo novas oportunidades e modelos de negócios.
A frequência tem como vantagem não ter restrições geográficas, o que permite que o sinal atinja uma área de até 35 mil hectares com uma única antena.
Trata-se de uma tecnologia aberta/interoperável, simples e intercambiável entre máquinas. Além disso, o 4G em 700 MHz pode ser combinado com a Internet das Coisas (NB-IoT), padrão utilizado para a comunicação entre sensores que não demandam um alto volume de transmissão de dados.
Para fins de exemplo, a articulação realizada pela ConectarAGRO ajudou a promover cerca de 12 milhões de hectares nas áreas rurais e remotas do Brasil até o momento. Os números atingidos beneficiam mais de um milhão de pessoas em 485 municípios de 12 estados diferentes!
De que forma os pequenos produtores estão inseridos no contexto de tecnologia na agricultura?
O investimento em tecnologia na agricultura proporciona um ciclo virtuoso no qual se altera positivamente o desenvolvimento de cidades com poucos habitantes e com pequenos agricultores que ainda focam na subsistência.
Se antes a produção rural era baseada no conhecimento empírico repassado de geração em geração, agora a tecnologia digital é latente, tornando os processos de gestão mais dinâmicos e assertivos.
Para tanto, o papel das cooperativas na viabilização da agricultura digital é essencial. Com um plano claro de desenvolvimento, tais organizações difundem a tecnologia e infraestrutura por meio de treinamentos e compartilhamento de informações.
As ações coletivas entre proprietários associados pelas tecnologias na agricultura conferem oportunidades de empreendedorismo, aumento de renda e, em consequência, desenvolvimento maior nas regiões remotas.
O foco na inovação traz inúmeros retornos sob uma pequena demanda por investimento. Para fins de exemplo, o custo para instalação de uma antena 4G vai de um quarto a meia saca de soja por hectare – de R$ 45 a R$ 95, em média.
Tecnologia na agricultura passa pelo fomento às políticas públicas
É certo dizer que o 4G em 700MHz proporciona diferentes aplicações, como uso de controle de propriedade e monitoramento de aves e suínos. Do ponto de vista social, também conecta unidades básicas de saúde e escolas localizadas em áreas remotas e rurais. É o que apontam os especialistas presentes neste bate-papo da ABAG:
Necessário destacar, entretanto, que a alta cobertura no campo depende não só de ações privadas, mas sobretudo de políticas públicas que incentivem a criação dessa infraestrutura.
O Leilão 5G foi um importante marco nesse sentido, pois foi realizado mediante a contrapartida de coberturas com 4G em 700 MHz em áreas remotas. A quarta geração apresenta recursos que podem ser plenamente utilizados pelos agricultores, ampliando as possibilidades para novos modelos de negócios.
O Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust) também deve ser considerado neste pacote, pois ele objetiva levar os serviços de telefonia e internet a regiões isoladas e com infraestruturas inadequadas ou inexistentes.
Para saber mais a respeito da revolução digital no campo, continue em nosso blog e nos acompanhe nas redes sociais.