Entrevista exclusiva com o membro do Conselho Gestor do Fust, Marco Morato de Oliveira

Marcos Morato de Oliveira em entrevista

Com o objetivo de ampliar os serviços de telecomunicações no território brasileiro, o novo colegiado do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) é composto por agentes do Governo Federal, pelas agências de telecomunicações e pelos representantes da sociedade civil. Em entrevista concedida à ConectarAGRO, o coordenador de Energia e Meio Ambiente do Sistema-OCB e membro do Conselho Gestor do Fust, Marco Morato de Oliveira, fala sobre a importância do Fundo para o desenvolvimento social do Brasil e, sobretudo, para o fomento à conectividade no campo. 

ConectarAGRO: Qual o propósito do Fust e qual sua importância no desenvolvimento econômico e social do Brasil?  

MARCO: O Fust foi pensado inicialmente como um fomento à universalização da telefonia fixa, entretanto foi pouco utilizado graças ao processo de privatização do setor de telefonia. Dessa forma, em parceria com organizações e entidades — como a OCB, CNA e a própria ConectarAGRO —, buscamos transformá-lo em um fundo de recursos útil para a sociedade a partir de um pleito que pense em levar modernidade e conectividade a todo o território brasileiro. Este foi um trabalho feito no Projeto de Lei que tramitou no Congresso Nacional, além do Decreto do Governo Federal sobre as áreas de investimento em Internet das Coisas, como as cidades, os setores da saúde, da agricultura e da educação. Nosso grande mote é levar conectividade a todos os cidadãos do Brasil, e o desafio do Fust é ser eficiente na gestão dos recursos para a universalização do campo. Em síntese, o Fundo é importante para levar tecnologia e qualidade de vida aos brasileiros que estão na área rural, tornando nosso agro mais eficiente e competitivo. Outro ponto são as mudanças climáticas pelas quais os recursos naturais se tornam escassos. A neutralidade de carbono pode ser atingida graças às tecnologias no campo e à digitalização de processos mais sustentáveis.

ConectarAGRO: Quais os objetivos do novo Conselho Gestor no que se refere à conectividade no campo? 

MARCO: Fundamentalmente, nosso objetivo é aprovar uma arquitetura eficiente para a aplicação dos recursos do Fust, ou seja, definir quais são as regras para reembolso, os limites de spread do administrador do fundo e dos seus agentes financeiros associados. Trata-se de um papel de direcionamento e norteamento para o repasse dos recursos. 

ConectarAGRO: É possível dizer de que forma os recursos do Fust serão operacionalizados e implementados na ampliação da conectividade em áreas rurais? 

MARCO: Na segunda reunião ordinária do Conselho Geral do Fust, criamos um grupo de trabalho dedicado ao agro, com a previsão de debates sobre propostas de subprogramas voltados a esta ampliação. Ainda estamos construindo tal arquitetura, mas já buscamos trabalhar em soluções mais amplas no que se refere à conectividade em áreas rurais. 

ConectarAGRO: Para além das cadeias produtivas, como o Conselho Gestor do Fust prevê a destinação de recursos para a expansão do 4G e, consequentemente, a conectividade de escolas públicas e unidades básicas de saúde rurais, por exemplo? 

MARCO: Nossa premissa é levar a melhor tecnologia ao menor custo possível, ou seja, fomentar um padrão de conectividade eficiente que atenda às demandas dos produtores rurais. Ainda não segmentamos as tecnologias a utilizar, entendemos que o 5G é uma tecnologia excelente, porém o 4G já atende plenamente ao conceito de agricultura de precisão. Em termos de dinâmicas, por exemplo, o solo pode ser compactado se aplicamos muita velocidade na máquina de implemento agrícola. Apesar de olharmos para o futuro, hoje a velocidade do 5G ainda não é necessária em nossa perspectiva atual.  Isso reforça o nosso propósito de ter a tecnologia mais aderente possível a partir de uma modicidade tarifaria — isto é, um valor pelo qual os agricultores possam pagar. Assim, independente da tecnologia aplicada, buscamos levar conectividade para o desenvolvimento das comunidades rurais. 

ConectarAGRO: Na sua opinião, qual a importância da presença de organizações de cooperativas e confederações de agricultura no Conselho Gestor do Fust para o desenvolvimento de políticas de acesso à internet em áreas rurais e remotas? 

MARCO: Nossa presença é de grande importância, uma vez que os encaminhamentos deliberados pelo Conselho serão mais robustos a partir dos apontamentos da OCB, CNA e até mesmo do Ministério da Agricultura. Assim, o agro pode contribuir e usufruir dos benefícios direcionados à sociedade.

ConectarAGRO: O Conselho Gestor deu início aos primeiros encontros e já estabeleceu algumas regras para aplicação de recursos do Fundo. Para você, quais são os pontos de destaque até agora e quais os próximos passos do colegiado? 

MARCO: Entre os pontos principais, destaco a aprovação do orçamento anual do Fust para 2022 e 2023, além da arquitetura de aplicação dos recursos, ou seja, a determinação de spread tanto para os gestores do fundo quanto para os agentes financeiros conveniados, com o objetivo de chegarmos ao menor custo transacional possível para os investidores. Deliberamos também que 2% dos recursos não reembolsáveis do Fust sejam destinados à elaboração de estudos que auxiliem nas tomadas de decisões do Conselho. Ademais, podemos citar a própria criação do grupo de trabalho dedicado ao agro e à educação, pois as escolas sem conectividade estão em áreas rurais. Para os próximos passos, definiremos os subprogramas fomentados pelo Fust. Assim, buscamos ter a visão dos diferentes setores presentes no Conselho para somarmos os diversos layers de conhecimento e cumprirmos a finalidade do Fundo.

ConectarAGRO e Banco do Brasil assinam Memorando de Intenções durante o Seminário 5G.BR

membro da ConectarAGRO e Banco do Brasil em evento

A ConectarAGRO e o Banco do Brasil assinaram, no dia 11 de agosto, um Memorando de Intenções para a democratização do alcance à informação, ao conhecimento e à cultura da conectividade nas áreas rurais e seus benefícios. A parceria foi anunciada no estande do Banco do Brasil durante o Seminário 5G.BR, evento realizado pelo Ministério das Comunicações (MCom), em São Paulo.

A assinatura oficial contou com a participação da presidente da ConectarAGRO, Ana Helena de Andrade; do líder do Comitê de Expansão da Associação, Renato Bueno; e do diretor de Agronegócios do Banco do Brasil, Antônio Carlos Wagner Chiarello.

O memorando de entendimento reforça o foco da Associação em promover a conectividade nas áreas rurais e remotas brasileiras. A colaboração poderá ser vista na produção de conteúdos, participação em palestras, cursos, eventos e workshops

“Com este Memorando de Intenções, reforçamos nosso compromisso em estimular o ecossistema para novas soluções de produtos e serviços, incentivando, assim, a adoção da conectividade no campo que irá revolucionar a forma de produzir, facilitando a integração e a gestão de toda a cadeia produtiva, além de aumentar a qualidade e a competitividade dos trabalhadores rurais”, afirma Ana Helena de Andrade. 

“Para o Banco do Brasil, é motivo de muita satisfação e alegria poder realizar e celebrar essa parceria com a ConectarAGRO, que visa apoiar e disseminar informações sobre a conectividade no campo para produtores rurais com o objetivo de fomentar um novo ciclo de desenvolvimento”, enfatiza Antônio Carlos Wagner Chiarello. 

Além do anúncio da parceria, a ConectarAGRO teve uma área própria dedicada no estande do Banco do Brasil, na qual demonstrou a colaboração entre as suas associadas a partir de vídeos e apresentação de produtos e serviços. A Associação endereçou os benefícios da conectividade aberta, acessível e interoperável por meio da exposição de antenas e smartphones.

“O agro conectado é mais produtivo. Por isso, temos a necessidade de disseminar conhecimento, para que cada vez mais produtores rurais estejam incluídos digitalmente e, consequentemente, socialmente. Pensando não só na produtividade, como na aproximação dos serviços públicos, educação, integração com facilidades da vida urbana e qualidade de vida.” reforça Renato Bueno. 

A partir de tal cooperação, a ConectarAGRO espera desenvolver novas ações voltadas à conectividade como habilitadora da eficiência, sustentabilidade e produtividade no campo. A intenção da Associação é que até o fim do ano 13 milhões de hectares recebam o sinal de internet.

Presidente da ConectarAGRO participa de painel sobre agronegócio, tecnologia e integração durante o 21º Congresso Brasileiro do Agronegócio

palestrantes no Congresso ABAG 2022

No dia 01 de agosto, a presidente da ConectarAGRO, Ana Helena de Andrade, participou do painel de discussão sobre agronegócio, tecnologia e integração durante o 21º Congresso Brasileiro do Agronegócio. Entre os principais temas defendidos pela porta-voz, estão o uso do 4G em 700MHz no campo e as contrapartidas do leilão 5G para a implementação de tecnologias de telecomunicações viáveis para o agronegócio.  

Estiveram presentes também o presidente da Embrapa e mediador da mesa, Celso Moretti, o presidente do Conselho de Administração do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Luís Pogetti, e o conselheiro da Rede ILPF, Renato Rodrigues. Além da conectividade no campo, os participantes discutiram outros temas fundamentais para o agro, como os desafios das mudanças climáticas na produção de cana-de-açúcar e o mercado regulado de carbono. 

“Integrar para fortalecer” é o mote do evento

Reforçando o tema principal do evento, Ana Helena apontou que estamos vivendo a integração entre duas importantes áreas do conhecimento — Telecomunicações e Ciências Agrárias —, uma vez que a agricultura digital precisa de uma infraestrutura específica para ser aplicada. 

“As cidades possuem uma média de conectividade em 98%, mas o campo, que responde por quase 27% do nosso PIB, não tem a mesma realidade: a conectividade nesta região é menos que 15%. Esta é uma preocupação para muitas empresas e principalmente para o agricultor, pois ele busca novas tecnologias para ser competitivo”, pontuou. 

É nesse sentido que a ConectarAGRO se desenvolve com o propósito de fomentar a implantação de infraestrutura de telecomunicações em áreas rurais. A presidente da Associação afirma: “Trabalhamos para implementar estas tecnologias por meio de políticas públicas e privadas que possam viabilizá-las. Queremos um agro mais produtivo por meio de tecnologias disponíveis nas máquinas, nos insumos e nos desenvolvimentos de startups e universidades”. 

O real impacto do 5G no agronegócio brasileiro

Outro ponto de discussão relacionada à conectividade foi o real impacto da quinta geração de banda larga no agronegócio brasileiro. Segundo a porta-voz da ConectarAGRO, o 5G será claramente disruptivo para as cidades, mas ainda não há uma demanda por esta rede em baixíssima latência no campo. 

Mesmo com o 5G chegando nas grandes cidades, sua geração anterior ainda é mais viável e compatível com a realidade dos produtores rurais, os quais buscam uma tecnologia simples, acessível e de alta cobertura.

“Quando falamos em 4G em 700MHz, estamos falando de uma torre cobrindo um raio de 35 mil hectares. Se fossemos cobrir este mesmo espaço de terra com o 5G nas atuais frequências autorizadas, precisaríamos de sete torres. Para uma área produtiva, é uma maior perda de espaço, pois deixamos de ter áreas contínuas de cultivo para interrupções de instalações de infraestrutura”, explicou Ana Helena.

Por isso, a importância das contrapartidas do leilão 5G: “Ele será revolucionário do agro, pois viabilizará o 4G para os agricultores. Pela primeira vez, o leilão de concessão de uso dessa frequência colocou como contrapartida que o campo deva ser conectado com o 4G em 700MHz”, complementou.

Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust) pode ampliar o Agro 4.0 

Um dos pilares da ConectarAGRO está nos projetos educacionais, os quais buscam a inclusão digital das pessoas que trabalham no campo por meio de capacitações que desenvolvam as competências para as novas tecnologias. 

 “A ideia da ConectarAGRO é atender à demanda do agricultor por tecnologia e mão-de-obra, pois sabemos que a telecomunicação é um fator de retenção de pessoas no campo. É muito difícil um agrônomo se formar na cidade e ir trabalhar em um lugar onde não pode usar Youtube ou Google. Deve existir uma verdadeira inclusão entre estrutura, pessoas, máquinas e coisas”, disse a porta-voz. 

Entretanto, para a ampliação do agro 4.0 e, consequentemente, a inclusão do campo brasileiro no processo de digitalização, a formação de políticas públicas é de grande importância: “Temos em curso a revisão do Fundo de Universalização de Telecomunicações com um novo Comitê Gestor, e é nossa obrigação acompanhar o uso desses recursos que todos nós pagamos mensalmente para que o campo brasileiro tenha a cobertura de telecomunicação que precisa e merece”, finalizou Ana Helena.

ConectarAGRO realiza ciclo de palestras durante a Expointer 2022

A ConectarAGRO integrou um ciclo de palestras sobre telecomunicações e telemetria no campo durante a 45ª Expointer, feira realizada entre os dias 23 de agosto e 03 de setembro em Esteio-RS. Apresentada no estande do Banco do Brasil, a Hora da Conectividade contou com a participação do membro da Associação, Ravel Dagios, e do líder do Comitê Técnico, Ricardo Graça. 

Durante a apresentação de conceitos básicos sobre tecnologias no campo, a conectividade foi destacada como habilitadora da produtividade agrícola e da integração de agricultores à vida urbana. ”Entre os diversos benefícios da conectividade no campo, podemos destacar o monitoramento de dados, o acesso às novas tecnologias e até mesmo a educação técnica e formal dos produtores rurais”, apontou Ricardo Graça.

De acordo com o porta-voz, entre as redes que viabilizam as tecnologias sem fio embarcadas nas máquinas e tratores, o 4G em 700MHz é a opção mais aderente às necessidades das propriedades rurais. Isso porque é um padrão aberto, acessível e simples em que tanto o grande quanto o pequeno produtor podem operá-lo, pois utilizam o mesmo sinal já existente das cidades.  

“O 4G em 700MHz suporta a comunicação de videochamadas, voz e arquivos. Por ser 100% digital, é utilizado no acompanhamento de dados em tempo real, no monitoramento climático e no uso de drones on-line”, pontua Graça

Outro padrão de tecnologia citado é o NB-IoT: “Em conjunto com o próprio 4G, a Internet das Coisas conecta os sensores das máquinas, fornecendo telecomando e análise de dados a longa distância sob uma bateria de alta duração. Logo, a agricultura de precisão resulta em novos modelos de negócios competitivos”, complementou o porta-voz. 

São essas estruturas que tornam possível a telemetria em máquinas agrícolas, assunto da palestra realizada por Ravel Dagios. Segundo o membro da ConectarAGRO, a tecnologia refere-se à consolidação e medição de dados de interesse para os operadores, como o consumo de combustível, a distância percorrida pelos maquinários, a temperatura do motor e a localização do veículo.

Para Dagios, “a telemetria permite o gerenciamento das operações de qualquer lugar a qualquer instante, garantindo um aperfeiçoamento das cadeias produtivas e do monitoramento de desperdício da produção”. Tal otimização é fundamental em um cenário no qual observamos o aumento da população mundial e, consequentemente, a alta demanda por alimentos. 

Nesse sentido, a AGCO Connect apresenta-se como uma solução de gerenciamento de frotas agrícolas. Com o uso de sensores, o sistema fornece a uma variedade de sinais de dados para os clientes e técnicos de serviço, como tempo de atividade e ociosidade das máquinas, horas de trabalho e velocidade média dos veículos. Sob uma interface facilitada, as recomendações podem ser acessadas no portal web e no aplicativo de celular — o qual está disponível para Android e IOS.  

“Ao consolidar dados telemétricos, a AGCO Connect melhora a eficiência operacional do cliente e diminui os custos de produção. Graças ao nosso suporte proativo, a disponibilidade e a produtividade dos equipamentos são aumentadas”, elucida Dagios

Ainda de acordo com o porta-voz, o aplicativo reúne mais de 39.000 máquinas conectadas com telemetria e cerca de 10.000 logins a cada semana. Além disso, já foram enviados mais de 400 alertas proativos com informações de como proceder em um evento de máquina específico.

ConectarAGRO reforça parceria com Banco do Brasil no Metaverso do BB Day

Reforçando a parceria institucional com o Banco do Brasil, a ConectarAGRO esteve presente no Metaverso do BB Day, reunião anual do Banco do Brasil com investidores, analistas, clientes e demais partes interessadas para discussão das estratégias, negócios e resultados.

Realizado no dia 22 de setembro, o evento foi a primeira reunião pública com o mercado investidor a partir de uma experiência disponível no metaverso. A exposição contou com diversos porta-vozes do Banco do Brasil e espaços como Teatro, Espaço Jovem, Praça APP BB, BB e Sociedade, Ponte A5G, Agência BB, Loja BB, Atendimento Especializado e a Feira Agro, onde a ConectarAGRO apresentou sobre sua atuação na conectividade do campo.

Na Feira Agro, era possível ter acesso a produtos, serviços, informações e inovações voltadas para o universo do Agronegócio e a Associação expos os benefícios da conectividade, baseados em fatos e dados. 

“Estar presente no Metaverso do BB Day reforça nosso esforço e compromisso em incentivar a adoção da conectividade no campo, procurando sempre disseminar conhecimento, em todos os espaços possíveis. O agro conectado é mais produtivo. Nosso desejo é que cada vez mais produtores rurais estejam incluídos digitalmente e, consequentemente, socialmente.” afirma Ana Helena de Andrade. 

Convênio ConectarAGRO-UFV realiza workshop e seminário sobre os caminhos para a conectividade e as soluções disponíveis

grupo de pessoas da ConectarAGRO e UFV em workshop sobre conectividade

Entre os dias 20 e 22 de julho, a Associação ConectarAGRO, em parceria com o projeto de extensão AgroPlus-UFV, realizou um evento na Universidade Federal de Viçosa (UFV) abordando o potencial da conectividade em propriedades de pequena e média escala. O workshop e o seminário contaram com a participação do reitor da UFV, Demetrius David da Silva, do pesquisador, extensionista e professor do Departamento de Economia Rural, Aziz Galvão, membros da ConectarAGRO, além de executivos, produtores rurais, comunidade acadêmica local, prefeitos e secretários municipais das cidades da Zona da Mata de Minas Gerais.  

O evento teve como objetivo apresentar os resultados parciais do convênio ConectarAGRO-UFV, discutir tecnologias do ponto de vista técnico e econômico para a agricultura, bem como definir próximas ações do projeto. A parceria também buscou integrar os parceiros locais e regionais do projeto com a Associação. 

“O foco é bastante pragmático: ser um projeto de extensão aplicado, levar benefícios aos produtores rurais e servir de modelo. A UFV é referência no âmbito conectado”, diz Aziz Galvão.

Propriedades rurais apresentam o uso prático da conectividade no campo 

A agenda contemplou a visita a três propriedades rurais de pequena escala com foco no cultivo de café (Educampo/Sebrae-MG) e na pecuária leiteira (PDPL/Nestlé). Durante o percurso, os produtores destacaram a importância da tecnologia e conectividade para a geração de renda e qualidade de vida. 

Trazendo a agricultura de precisão para a prática, os agricultores realizam planejamentos de safra a partir de dados disponíveis nos aplicativos de seus celulares, desenvolvendo um mapeamento dos processos de produção agrícola. 

“Já usamos sensores nos ventiladores, eles diminuem a velocidade à noite, por exemplo. Também temos acesso às informações sobre a situação das vacas a partir do uso de chips, as quais podem ser acessadas a distância”, explica Antônio Maria, proprietário da Fazenda Nô da Silva, fazenda de pecuária leiteira e parceira do PDPL (projeto de extensão de pecuária leiteira da região).

Os responsáveis pela fazenda de cafés especiais e gourmet explicam que a tecnologia de rastreamento agrega valor ao produto vendido, uma vez que o cliente pode conferir dados como as características dos grãos e o local onde foram plantados. O uso da internet também faz parte da estratégia de vendas: a propriedade vende seus cafés exclusivamente pelo Instagram. 

Workshop endereça soluções tecnológicas para problemas de conectividade  

Dando continuidade à programação, o workshop foi dividido em áreas temáticas simultâneas sobre conectividade rural, agricultura de precisão, gestão/comercialização e cidadania. As discussões giraram em torno dos problemas de conectividade, das soluções tecnológicas viáveis e das sugestões para projetos e ações. 

O 4G em 700MHz como conectividade de alta cobertura coletiva foi uma das soluções mencionadas. Para o líder do Comitê de Comunicação e Marketing da ConectarAGRO, Renato Coutinho, “a conectividade habilita o uso de tecnologias no campo, fomenta a educação de produtores e desenvolve um ambiente mais seguro para os agricultores”. 

Os agricultores locais levantaram a relação entre conectividade e segurança, uma vez que o acesso à internet permite que o produtor tenha contato direto com a polícia local. O destaque também foi o papel da educação no letramento digital e no acesso às informações de transparência governamental como maneiras de exercer a cidadania. 

Outro ponto importante foi o impacto da qualidade da internet nas práticas gerenciais. Assim, os membros da Associação pontuaram a importância da capacitação das equipes no onboarding de tecnologias embarcadas nas máquinas. 

“O workshop apresentou uma diversidade de atores das cadeias produtivas, os quais se uniram para pensar na conectividade como impulsionadora da tecnologia e, por extensão, do campo”, avalia a presidente da ConectarAGRO, Ana Helena de Andrade

Membros da Associação fazem parte de seminário aberto à comunidade acadêmica 

Ao fim do evento, os extensionistas da AgroPlus-UFV e os representantes da ConectarAGRO realizaram um seminário aberto à toda comunidade acadêmica, como professores e alunos. 

Na palestra sobre o potencial da agricultura 4.0, Ana Helena destacou os benefícios da conectividade, como o acompanhamento em tempo real de gestão de riscos, o uso compartilhado de máquinas e o acesso à organização e gestão de pessoal nas propriedades rurais. “O campo não tem como esperar. Surge cada vez mais a necessidade de máquinas tecnificadas para tornar a agricultura mais produtiva”, ressalta a presidente da Associação.  

Na exposição sobre conectividade rural e telecomunicações, Renato Coutinho trouxe uma perspectiva técnica sobre estruturação de tecnologias no campo. “Além da otimização de processos, a internet rural proporciona a aproximação dos serviços públicos, a educação formal e técnica de produtores, a integração com facilidades da vida urbana e, consequentemente, a qualidade de vida dos agricultores”, explica. 

Outra estrutura abordada foi o padrão NB-IoT, rede de baixa transmissão de dados projetada para o uso de sensores a longas distâncias para automação de máquinas. “A conectividade causa uma mudança de paradigma nos modelos de negócios e de produções. Por isso, há sempre um compromisso com a tecnologia e o benefício que ela irá trazer aos agricultores”, complementa Renato Coutinho.  

ConectarAGRO participa de série de lives da plataforma digital Broto, do Banco do Brasil

convidados do Banco Broto em live sobre conectividade no campo

Ampliando suas parcerias com atores de serviços financeiros, a ConectarAGRO participou, em junho, de duas lives da plataforma digital Broto, do Banco do Brasil. A série Circuito de Negócios Agro teve dois episódios dedicados ao tema “Conectividade no Campo”. Transmitidas pelo Youtube, as lives tiveram a participação da presidente da Associação, Ana Helena de Andrade, e do membro do Conselho de Administração, Alexandre Dal Forno. A mediação foi realizada pelo superintendente de Varejo Rio Grande do Sul do Banco do Brasil, Pablo Ricoldy.

Em alinhamento com a proposta da plataforma digital Broto — empresa que atua na cadeia produtiva do agronegócio por meio do marketplace e da oferta de acesso ao crédito do Banco do Brasil —, os porta-vozes fortaleceram o protagonismo da ConectarAGRO como articuladora de sistemas tecnológicos ligados à conectividade no campo. 

Nesse sentido, Ana Helena reforçou o propósito da Associação: “A ConectarAGRO surgiu da percepção de que mesmo o agro sendo responsável por 27% do PIB do Brasil, a infraestrutura de conectividade não é uma realidade. A partir do diálogo entre diferentes atores do agro e empresas de soluções, entende-se que há uma deficiência de infraestrutura˜. 

A conectividade é o grande habilitador da agricultura no Brasil. Para promovê-la, o 4G em 700MHz apresentou-se como a solução mais aderente às demandas dos grandes, pequenos e médios produtores, uma vez que permite uma conexão aberta, acessível e simples. Neste tipo de rede, não há a necessidade de grandes investimentos em antenas e equipes especializadas. Da mesma maneira, ela aumenta a qualidade e competitividade do setor agrícola, expandindo o acesso à internet de escolas e unidades públicas de saúde rurais. 

Dal Forno explica os benefícios: “Em comparação com as redes satelitais e privadas, o 4G em 700MHz proporciona a cobertura de grandes extensões por meio de um ecossistema utilizado no mundo todo, o que dá mais segurança e confiança ao produtor rural”. Além disso, uma rede móvel e abrangente impacta positivamente na produtividade das fazendas conectadas: “Algumas soluções que podem trabalhar diretamente na digitalização da agricultura são associadas à gestão de máquinas com a telemetria, gestão de irrigação, monitoramento de pragas até a questão de posicionamento que é muito necessária na agricultura de precisão. A economia utilizando essas soluções pode chegar a R$177 hectare/ano”, complementa.

Para atingir o objetivo da Associação, Ana Helena explicou que a ConectarAGRO trabalha em três frentes relevantes: a primeira é a implementação de modelos de negócios que viabilizem os investimentos em áreas de baixa densidade populacional, em uma sinergia entre as grandes, médias e pequenas empresas agrícolas. 

O segundo eixo está na discussão institucional sobre os recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) e das contrapartidas no leilão do 5G para a priorização de áreas rurais e a obrigatoriedade de cobertura com 4G em rodovias federais e escolas rurais, por exemplo. A terceira frente, ainda de acordo com Ana Helena, é o desenvolvimento de políticas públicas junto aos governos dos estados líderes na produtividade agrícola. 

Entre as ações em andamento, a ConectarAGRO e a Datora — juntamente com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) — encomendaram um estudo à Escola Superior de Agricultura (Esalq-USP) para mapear a conectividade nas áreas das cooperativas – as quais possuem representação no colegiado do Fust, ao lado da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Outra atividade é o lançamento já anunciado do Simulador gratuito de benefícios de conectividade. A aplicação ajuda o produtor rural a contabilizar o ganho que a internet rural traz à sua propriedade. Desenvolvido coletivamente a partir de uma proposta evolutiva, o Simulador apresenta qual é o percentual de economia em cada área de uma produção.

Ao fim da programação, os fundadores e integrantes da ConectarAGRO destacaram os resultados alcançados até agora pela Associação. Dal Forno lembrou: “Auxiliamos a promover a conectividade, via banda larga 4G em 700MHz, para mais de 7 milhões de hectares de áreas rurais e remotas no Brasil, beneficiando aproximadamente 1 milhão pessoas e conectando 140 escolas públicas e 31 unidades básicas de saúde”. 

Ana Helena complementou: “Nosso objetivo é chegar a 13 milhões de hectares conectados até 2023. É um grande desafio, mas o produtor precisa digitalizar sua fazenda para fortalecer a competitividade e reduzir os custos de produção”. 

Caso queira conferir a série de lives do Broto, clique aqui