Considerado um dos equipamentos mais estratégicos dentro da agricultura de precisão, os drones agrícolas se destacam por realizarem coleta de dados, essenciais para a atividade agrícola. As informações obtidas pelas aeronaves, nos registros de imagens, identificam situações que variam de falhas no plantio até a identificação de pragas e ervas daninhas.
Em primeiro lugar é necessário esclarecer que drone é o termo que identifica uma Aeronave Remotamente Pilotada (ARP), ou ainda, o Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT). As duas expressões definem qualquer tipo de aeronave que não necessita de pilotos embarcados para ser guiada.
A explicação é feita por especialistas do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e acrescenta que apesar do drone ser o nome mais conhecido, a terminologia oficial, reconhecida na legislação nacional, são as siglas citadas anteriormente.
Os primeiros registros de utilização dessas aeronaves ocorreram na década de 1980 nos setores militar e civil. Já na agropecuária, a primeira iniciativa foi o projeto Arara (Aeronave de Reconhecimento Assistido por Rádio e Autônoma). O objetivo foi realizar fotografias aéreas, monitorar áreas agrícolas ou com problemas ambientais, por intermédio de VANTs.
Regulamentação nacional
O cadastro do Sistema de Aeronaves Não Tripuladas (Sisant), gerenciado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), revela que existem cerca de 1,5 mil drones de uso agrícola no país, de um universo de 79.673 aparelhos identificados na base de dados do governo federal.
A fim de estabelecer normas de trabalho e regulamentação para as aeronaves do setor agrícola, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) elaborou um documento, em fase de análise, que resultará na criação de uma Instrução Normativa (IN). O material trará recomendações sobre as regras de aplicação de defensivos agrícolas e outros insumos, por meio da utilização de drones.
Com essa perspectiva, a proposta da IN para drones agrícolas objetiva incluir duas das três classes de aparelhos regulamentados pela Anac, sendo elas: Classe 2 (equipamentos de 25 a 150 quilos de peso total) e Classe 3 (até 25 quilos do peso total). Em contrapartida, os aparelhos com mais de 150 quilos terão de seguir as regras dos aviões agrícolas nacionais.
Planejamento de trabalho no uso de drones agrícolas
Desde que as aeronaves não tripuladas começaram a ser utilizadas no setor agrícola, muitas mudanças e tecnologias foram implantadas, principalmente quanto ao uso dos drones agrícolas. Por isso, é fundamental que os operadores tenham capacitação específica, para adquirirem os melhores benefícios no trabalho de campo.
Nesse sentido, a primeira orientação é planejar a operação antes de colocar o drone para funcionar. Por isso, informações sobre o local a ser sobrevoado e sobre o que será coletado devem estar no check list do operador. Algumas perguntas que devem estar no roteiro de trabalho, são:
- Qual a finalidade do levantamento aéreo (inspeção, mapeamento, monitoramento)?
- Qual é o tamanho e a localização da propriedade?
- Já existem mapas digitais registrados?
- Quais produtos serão necessários ao diagnóstico (vídeos, fotos, mapeamento, por exemplo)?
- A localidade tem serviços de energia elétrica e internet?
- O que será analisado (qualidade do plantio, contagem de plantas, definição de áreas de manejo)?
Benefícios dos drones agrícolas na lavoura
Na agricultura de precisão, os drones agrícolas apresentam um papel fundamental, seja na produção de grãos ou culturas vegetais como olerícolas e silvicultura, por exemplo. Entretanto, as estreitas margens de lucro do produtor foram responsáveis pelo planejamento personalizado para cada espécie e a busca por otimizar a aplicação de insumos.
Dessa forma, elencamos cinco benefícios proporcionados na lavoura com a utilização dos drones agrícolas. Saiba quais são:
Identificação dos tipos de solo – o mapeamento da variabilidade do solo é feito a partir da coleta inicial de informações dos drones. Em seguida, os dados são inseridos em softwares para desenvolvimento de mapas de georreferenciamento da área analisada. Com a caracterização do terreno é possível realizar o manejo de forma personalizada.
Economia dos insumos – os mapas gerados pelas imagens dos drones identificam outra condição importante. Saber quais os talhões com menor fertilidade e maior incidência de ervas daninhas ou pragas. Munido com essas informações, o produtor saberá a quantidade correta de insumos (corretivos, fertilizantes e herbicidas), necessários ao bom desenvolvimento das plantas.
Pulverização agrícola – o desenvolvimento tecnológico das aeronaves ampliou a capacidade de atendimento nas propriedades rurais e já existem equipamentos capazes de executar pulverização de herbicidas e fertilizantes na lavoura, de forma autônoma. Essa possibilidade eleva ainda mais a economia total nos custos de produção.
Prevenção de incêndios – os drones têm contribuído para prevenir e combater incêndios em áreas agrícolas, em especial, canaviais e florestas plantadas. É um trabalho que torna eficiente o monitoramento das áreas, principalmente nos períodos mais secos do ano. Os vídeos e fotos apontam em tempo real, princípios de incêndio, possibilitando a ação dos brigadistas.
Sustentabilidade – é o conjunto de ações desenvolvidas na agricultura para construção de uma lavoura sustentável. Isso é realizado com a identificação da qualidade do solo, manejo eficiente de insumos, controle de pragas e dados de irrigação. A ação combinada desses fatores evitará degradação do terreno, proliferação de doenças, erosão e uso inadequado de produtos tóxicos ao meio ambiente.
Principais modelos de drones para pulverização agrícola
Com o aumento do uso de drones agrícolas, muitos são os especialistas neste mercado. Estes indicam quais são as melhores opções de equipamentos disponíveis no setor agrícola. As indicações foram elencadas a partir dos principais benefícios de cada equipamento. Saiba quais são:
– Drone Agras MG-1 – aeronave desenvolvida para aplicação de pesticidas, herbicidas e fertilizantes líquidos, com método de taxas variáveis. Tem capacidade para definir a quantidade de insumos a serem aplicados e conta com sensores anti colisão e GPS.
– Drone Pelicano – Se destaca pela funcionalidade dos sensores que permitem voos estabilizados, em posição fixa ou com posições previamente programadas. A opção de definir a área e a cultura que deverão receber pulverizações, torna a aplicação mais eficiente e precisa.
– Daxi 10A e Daxi 50A – Trata-se de aeronaves não tripuladas desenvolvidas para pulverização de lavouras, em marcações previamente definidas. Ideal para áreas de difícil acesso (encostas, montanhas ou lavouras onde não é possível a entrada de máquinas) e indicado para culturas de café e fruticultura. Substitui a alternativa de aplicação manual que resulta em graves danos à saúde humana.
– ElevaSpray 150 – desenvolvido com tecnologia nacional e objetivo de ser um ‘super drone’, tem cinco metros de largura e barra de pulverização de seis metros. Esse VANT pesa 150 quilos e pode estocar até 80 litros de insumo por operação. A eficiência média é de 20 hectares por hora e oferece a possibilidade de ser usado no período noturno.
Recomendações para operação de drones agrícolas
Tão importante quanto conhecer a regulamentação, benefícios e modelos dos drones é reforçar as medidas de trabalho que devem ser seguidas, para o melhor desempenho do operador e da máquina.
Como em outras atividades agrícolas, é necessário que o profissional utilize os equipamentos de proteção individual (EPIs): perneiras, óculos escuros, chapéu de aba larga ou boné árabe, além de camisa de manga longa e calça comprida.
Outra informação importante e que pode ser confirmada antecipadamente com o proprietário da área rural é a existência de locais que ofereçam risco na operação de voo. Por exemplo, redes de energia, torres de monitoramento de incêndios e aeródromos.
Em regiões com mais dificuldade de acesso e, consequentemente, sem sinal de internet é recomendável que o operador realize atualizações de softwares, missões de voo e testes. É fundamental manter o drone e os aplicativos sempre calibrados e contar com cartões de memória adicionais.
Complementando as dicas, é imprescindível ter um mapa da região, rádio de comunicação e se possível ser acompanhado por pessoas que conheçam a área.
Seguindo as recomendações, o profissional terá mais segurança para realizar o trabalho e evitará perder horas de voo, por falta de acessórios ou incidentes com a aeronave.
Em artigos anteriores detalhamos o funcionamento dos drones agrícolas, e com esse conteúdo esperamos contribuir para a tomada de decisões do agricultor. Os benefícios desses equipamentos são verificados com mais clareza no sistema de agricultura de precisão.
Por isso, fica claro que antes de utilizar os drones agrícolas é preciso saber quais etapas são necessárias até a aquisição do produto.
Por isso, produtor, compartilhe conosco, qual seu objetivo ao utilizar o serviço de drone na sua propriedade?