No dia 01 de agosto, a presidente da ConectarAGRO, Ana Helena de Andrade, participou do painel de discussão sobre agronegócio, tecnologia e integração durante o 21º Congresso Brasileiro do Agronegócio. Entre os principais temas defendidos pela porta-voz, estão o uso do 4G em 700MHz no campo e as contrapartidas do leilão 5G para a implementação de tecnologias de telecomunicações viáveis para o agronegócio.
Estiveram presentes também o presidente da Embrapa e mediador da mesa, Celso Moretti, o presidente do Conselho de Administração do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Luís Pogetti, e o conselheiro da Rede ILPF, Renato Rodrigues. Além da conectividade no campo, os participantes discutiram outros temas fundamentais para o agro, como os desafios das mudanças climáticas na produção de cana-de-açúcar e o mercado regulado de carbono.
“Integrar para fortalecer” é o mote do evento
Reforçando o tema principal do evento, Ana Helena apontou que estamos vivendo a integração entre duas importantes áreas do conhecimento — Telecomunicações e Ciências Agrárias —, uma vez que a agricultura digital precisa de uma infraestrutura específica para ser aplicada.
“As cidades possuem uma média de conectividade em 98%, mas o campo, que responde por quase 27% do nosso PIB, não tem a mesma realidade: a conectividade nesta região é menos que 15%. Esta é uma preocupação para muitas empresas e principalmente para o agricultor, pois ele busca novas tecnologias para ser competitivo”, pontuou.
É nesse sentido que a ConectarAGRO se desenvolve com o propósito de fomentar a implantação de infraestrutura de telecomunicações em áreas rurais. A presidente da Associação afirma: “Trabalhamos para implementar estas tecnologias por meio de políticas públicas e privadas que possam viabilizá-las. Queremos um agro mais produtivo por meio de tecnologias disponíveis nas máquinas, nos insumos e nos desenvolvimentos de startups e universidades”.
O real impacto do 5G no agronegócio brasileiro
Outro ponto de discussão relacionada à conectividade foi o real impacto da quinta geração de banda larga no agronegócio brasileiro. Segundo a porta-voz da ConectarAGRO, o 5G será claramente disruptivo para as cidades, mas ainda não há uma demanda por esta rede em baixíssima latência no campo.
Mesmo com o 5G chegando nas grandes cidades, sua geração anterior ainda é mais viável e compatível com a realidade dos produtores rurais, os quais buscam uma tecnologia simples, acessível e de alta cobertura.
“Quando falamos em 4G em 700MHz, estamos falando de uma torre cobrindo um raio de 35 mil hectares. Se fossemos cobrir este mesmo espaço de terra com o 5G nas atuais frequências autorizadas, precisaríamos de sete torres. Para uma área produtiva, é uma maior perda de espaço, pois deixamos de ter áreas contínuas de cultivo para interrupções de instalações de infraestrutura”, explicou Ana Helena.
Por isso, a importância das contrapartidas do leilão 5G: “Ele será revolucionário do agro, pois viabilizará o 4G para os agricultores. Pela primeira vez, o leilão de concessão de uso dessa frequência colocou como contrapartida que o campo deva ser conectado com o 4G em 700MHz”, complementou.
Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust) pode ampliar o Agro 4.0
Um dos pilares da ConectarAGRO está nos projetos educacionais, os quais buscam a inclusão digital das pessoas que trabalham no campo por meio de capacitações que desenvolvam as competências para as novas tecnologias.
“A ideia da ConectarAGRO é atender à demanda do agricultor por tecnologia e mão-de-obra, pois sabemos que a telecomunicação é um fator de retenção de pessoas no campo. É muito difícil um agrônomo se formar na cidade e ir trabalhar em um lugar onde não pode usar Youtube ou Google. Deve existir uma verdadeira inclusão entre estrutura, pessoas, máquinas e coisas”, disse a porta-voz.
Entretanto, para a ampliação do agro 4.0 e, consequentemente, a inclusão do campo brasileiro no processo de digitalização, a formação de políticas públicas é de grande importância: “Temos em curso a revisão do Fundo de Universalização de Telecomunicações com um novo Comitê Gestor, e é nossa obrigação acompanhar o uso desses recursos que todos nós pagamos mensalmente para que o campo brasileiro tenha a cobertura de telecomunicação que precisa e merece”, finalizou Ana Helena.