Apesar da agricultura representar um percentual significativo do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a conectividade ainda é um gargalo que impacta todos os aspectos da produção agrícola. Essa é a conclusão de Ana Helena de Andrade, presidente da ConectarAGRO, que participou do painel “Agrotech e inovação: digitalização do agro brasileiro” durante a quarta edição da CoopTalks, maior congresso digital do cooperativismo agro.
De acordo com a porta-voz, o gerenciamento de dados habilitado pela internet rural é fundamental para a utilização assertiva dos insumos, impactando a rentabilidade e produtividade da lavoura. “A gestão racional é dependente da conectividade, e, portanto, mandatória para o agricultor ter, por exemplo, uma irrigação inteligente”, explica Ana Helena.
Para fora da porteira, a logística também é um eixo a ser beneficiado pela conectividade no campo: “A plena cobertura do 4G em 700MHz integra um transporte de safra por estrada a um navio, reduzindo perdas e aumentando os resultados do produtor rural”, continua.
Aliar alta performance à conservação dos recursos naturais é também outra discussão na qual as ferramentas digitais se inserem. Não por acaso, a Embrapa listou a intensificação tecnológica e a sustentabilidade como uma das megatendências para o agronegócio até 2050.
Na perspectiva da presidente da ConectarAGRO, a ligação entre produções agrícolas mais resilientes e conectividade é clara: “Os sistemas agrodigitais são aliados dos agricultores nas tomadas de decisões informadas sobre uso de solo e água. Portanto, a agricultura sustentável de precisão nos permite desenvolver diferentes paradigmas produtivos com novas funcionalidades e oportunidades de negócios”, diz ela.
Parceria com cooperativas é caminho para a digitalização do campo
Durante a ocasião, Kleberson Hayashi, coordenador de Projetos de Inovação da Coopavel, destacou a importância da integração entre universidades, startups, associações e cooperativas para a inovação digital no campo. “Para se ter ideia, há cerca de 1.600 startups agtechs, mas o desafio está na aplicacação da tecnologia. Por isso, deve existir uma parceria entre empresas e cooperativas que possam agregar valor pelo mesmo objetivo: reduzir custos e aumentar produtividade”, aponta.
Em concordância, Leandro Carvalho, CEO do ecossistema Supercampo complementa que a instalação de infraestruturas tecnológicas demanda uma ação coletiva de diferentes atores envolvidos, pois as cooperativas possuem suas próprias especificidades. “A tecnologia e inovação não são o principal core business das cooperativas. Por isso, hubs e agtechs são necessários para que possam desenvolver braços de tecnologias nas cooperativas”, pontua.
Pensando na digitalização como um processo de transformação comercial e social, Ana Helena de Andrade também salienta a relevância de associações como a ConectarAGRO em tais colaborações: “Parcerias com cooperativas também está no propósito de nossa Associação, que vem trabalhando há três anos pelas soluções mais aderentes às necessidades dos agricultores. Para isso, sabemos que levar conectividade a áreas agrícolas passa pelo investimento público e privado”, finaliza.