ConectarAGRO: Segundo relatório do TIC Educação, quase metade das escolas brasileiras em áreas rurais seguem sem acesso à Internet. Outro desafio apontado pelo estudo é a falta de habilidade dos professores para realizar atividades educacionais com os alunos por meio do uso de tecnologias. Pensando nesse contexto, de que modo o Formação Conectada busca preencher tais lacunas na educação rural?
Erika Michalick: Este é um desafio da Educação como um todo. Segundo dados da Unesco, na pré-cúpula da educação transformadora em 2022, muitos serão os esforços para conseguir levar o desenvolvimento à área escolar. Dentro desses impasses, a atratividade e o uso da conectividade são pautas constantes na transformação. O Brasil e suas diversas realidades vêm apresentando tais discussões em todas as esferas. Observamos alunos e professores externalizando o desejo de inclusão digital, mas vemos também os desafios de estrutura e pedagogia. A Associação ConectarAGRO tem se colocado na pauta, trazendo as vantagens da internet no campo tanto para o produtor como para todo tecido social que está ao redor das localidades onde os equipamentos são instalados. Porém, não é só sobre acesso, é fundamental entender como e onde a conectividade deve ser explorada. As escolas precisam de infraestrutura desde a avaliação de sinal, equipamentos de distribuição, equipamentos de manuseio pedagógico — como computadores, tablets, entre outros recursos —, até a educação complementar aos professores de como inserir a tecnologia nas aulas para torná-las mais atrativas e estimuladoras aos alunos.
ConectarAGRO: Considerando os objetivos do Formação Conectada, qual a importância da conectividade na educação de alunos das escolas rurais? Do mesmo modo, quais os principais impactos positivos na formação continuada dos educadores?
Erika Michalick: Das grandes narrativas que encontramos nas escolas aonde chegamos, são alinhamentos dos professores para o uso da conectividade (como usar ferramentas) e para a integração das matérias cotidianas dos alunos. No caso do ambiente rural, a vantagem é a possibilidade das chegadas e atualizações dessas ferramentas por meio das comunidades online existentes para professores. Porém, temos que destacar que, para os alunos que
experimentaram aulas adaptadas do modelo tradicional para o virtual durante a pandemia, será preciso um letramento digital complementar a fim de engajar novamente o contexto escolar. Aqui, pontuamos técnicas e recursos extras para tornarmos atrativas as aulas presenciais. Recursos bem utilizados serão importantíssimos, e a formação continuada desse educador é fundamental.
ConectarAGRO: De que forma o investimento do projeto em recursos tecnológicos e em capacitações voltadas a ferramentas digitais e práticas pedagógicas geram retorno econômico e social ao campo?
Erika Michalick: Somente o futuro breve nos responderá na totalidade. Contudo, desde já sabemos que o tecido social formado e integrado à tecnologia gera mão de obra mais digitalizada, assim como inovação local em recursos que podem auxiliar toda a sociedade. Falamos de aplicativos, serviços online e até soluções para diversos problemas sociais, uma vez que o “campo” deve ser receptivo à produção criativa e inovadora.
ConectarAGRO: É possível apontar os principais marcos e conquistas do Formação Conectada até o momento? Além disso, quais serão as próximas etapas para 2023?
Erika Michalick: Para nós, os avanços de diálogos e investimentos para a inclusão de recursos em alguns estados têm sido uma surpresa boa. Esse será o desafio de alguns anos ainda. Diálogo multissetorial é e será fundamental para os avanços futuros. A escuta dos professores e alunos também nos trouxe grandes conquistas para a assertividade dos percursos formadores e dos recursos complementares dedicados à aceleração do desenvolvimento escolar. Para 2023, temos como metas a conclusão do piloto, o monitoramento dos resultados ao longo do ano e as atualizações necessárias. Acreditamos que a expansão dos projetos poderá ocorrer em breve.