A ConectarAGRO formalizou, no final de junho, uma parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) para conectividade na agricultura familiar e controle financeiro de propriedades rurais. O projeto de extensão é resultado de uma cooperação entre a Associação e a Agroplus-UFV, equipe de pesquisa aplicada e extensão coordenada pelo professor Aziz Galvão, do Departamento de Economia Rural da UFV.
O projeto de extensão baseia-se no impacto da agricultura 4.0 nas fazendas, em contrapartida ao alto custo de sua implantação para pequenos e médios produtores rurais e à necessidade de políticas públicas voltadas ao setor. Desse modo, a parceria visa à disseminação e criação de metodologias e instrumentos que mensuram os benefícios das tecnologias digitais nas áreas rurais. Outra meta é a capacitação de alunos e produtores rurais na área de gestão econômico-financeira.
Como articulação entre conhecimento científico e prática voltada a soluções de necessidades das comunidades locais, o convênio ConectarAGRO-UFV já apresentou os resultados iniciais do estudo sobre o potencial da agricultura digital para produtores de pequena e média escala na região da Zona da Mata de Minas Gerais. O propósito é compreender o que produtores de máquinas, dispositivos e serviços digitais podem oferecer para a agricultura familiar por meio da conectividade.
Dados e fatos demonstram o potencial da conectividade no campo
Segundo o pesquisador, extensionista e doutor em Administração Rural, Aziz Galvão, os passos do estudo em andamento compreendem o diagnóstico, implementação de tecnologias, comparação entre rentabilidades anteriores e posteriores ao uso da conectividade no campo e discussão de resultados.
Para tanto, o grupo de extensão Agroplus-UFV já visitou 100 propriedades rurais nas microrregiões de Ubá e Viçosa, localizadas na Zona da Mata, na região de Minas Gerais. Foram aplicados questionários sobre o consumo de internet e conectividade no campo, além dos perfis das pessoas entrevistadas. Assim, identificaram-se informações a respeito do sexo, idade e nível de escolaridade dos produtores, bem como os seus níveis de aptidão para tecnologias.
“Os resultados iniciais apontam que, em média, os produtores rurais têm 51 anos, e a maioria deles possui o ensino fundamental completo. As principais culturas empreendidas por esses agricultores são café, pastagem, milho, goiaba, feijão, banana e cana-de-açúcar”, diz Aziz Galvão.
Em outras seções, as perguntas avaliaram se o produtor possuía internet na propriedade, bem como sua abrangência, tipo e qualidade da conexão. As respostas das produtoras e produtores rurais também permitiram a análise das formas de adoção de tecnologias nas fazendas e quais delas estão presentes no dia a dia do agricultor.
Tais dados são ainda mais relevantes, conforme descreve Aziz Galvão: “85% dos proprietários têm acesso à internet, mas cerca de 60% da amostra estudada têm abrangência de rede apenas na sede da fazenda. O tipo de conexão que mais prevalece é a internet rural via rádio”.
É nesse sentido que a ConectarAGRO aposta no 4G em 700MHz como saída para a democratização da conectividade no campo, uma vez que sua frequência de maior cobertura permite a mobilidade dos agricultores para além das sedes das fazendas, abrangendo um conjunto de propriedades, escolas e unidades básicas de saúde rurais sob um custo reduzido e sem a necessidade de uma equipe especializada para operá-la.
A pesquisa em andamento desenvolvida pela ConectarAGRO e AgroPlus-UFV ainda demonstra o papel que a conectividade tem no cotidiano desses produtores: 76% deles realizam o monitoramento do clima para tomadas de decisões. 68% dos 100 produtores entrevistados realizam compras em sites, enquanto 73% deles utilizam a internet para o monitoramento de preços agrícolas.
Entre as tecnologias utilizadas para acesso à informação, o smartphone é o protagonista: dos 100 agricultores participantes, 90% deles utilizam celular. Quando se fala em computadores, apenas 43% fazem uso da ferramenta. Por fim, as plataformas Google e WhatsApp lideram as fontes de informação utilizadas pelos produtores rurais.
“A parceria da Associação com a AgroPlus-UFV é uma das nossas ações pela educação, especificamente na pesquisa e extensão universitária, mas sobretudo no mapeamento de conectividade em uma importante área produtiva agrícola. Com esses insights, buscamos promover a capacitação desses produtores rurais para que façam o melhor uso das tecnologias digitais em tomadas de decisões eficientes no que se diz respeito às finanças e economia”, afirma a presidente da ConectarAGRO, Ana Helena de Andrade.
Próximos passos do projeto de extensão
Uma vez consolidados, os resultados iniciais servirão de base para novas ações do projeto, as quais consistem na seleção de propriedades participantes da segunda fase, capacitação dos produtores rurais, desenvolvimento e implementação de aplicativo de controle financeiro, bem como acompanhamento econômico. O objetivo é monitorar a produtividade das fazendas até fevereiro de 2023, de forma a captar e registrar todos os benefícios adquiridos a partir da conectividade no campo.
“Por meio da colaboração entre a Academia e o setor produtivo, verificaremos a possibilidade de uso de soluções tecnológicas nas propriedades agrícolas. É um importante estudo de caso dos ganhos que a conectividade proporciona, como o uso de aplicativos, dispositivos, máquinas e insumos”, diz Ana Helena.