A projeção de novo recorde na colheita nacional de grãos na safra 2020/2021, divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) comprova o potencial empreendedor de produtores rurais, principalmente na aplicação de tecnologias presentes na Agricultura Digital.
Em pouco mais de quatro anos de implantação efetiva no Brasil (já que o registro oficial é datado de 2016), a Agricultura Digital já conseguiu reunir e consolidar um conjunto de plataformas digitais que aprimoram cada vez mais os resultados produtivos da agricultura.
Mas, você deve estar se perguntando qual é o papel empreendedor dos produtores nessa transformação? Simples, graças ao entendimento sobre a importância de produzir mais, com qualidade e sustentabilidade, mas sem ampliar a área plantada.
Um levantamento realizado com mais de 750 participantes do meio rural, apontou que 84,1% dos produtores brasileiros utilizam pelo menos uma tecnologia digital no processo produtivo. Entre as mais populares estão os aplicativos como WhatsApp, gerenciadores produtivos e climáticos, drones e sensores.
O levantamento traçou um retrato da Agricultura Digital nacional e foi realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Tecnologias preferidas ligadas à agricultura digital
Ainda sobre o levantamento, observou-se que os recursos digitais mais citados pelos entrevistados foram: o uso de internet para atividades gerais da produção, aplicativos para obtenção ou divulgação de informações, gestão e sistemas de posicionamento global por satélite (GPS). Em termos práticos, os smartphones e tablets se tornaram equipamentos indispensáveis no cotidiano dos empresários rurais.
Outra informação respondida pelos entrevistados estava relacionada às principais funções das tecnologias digitais no cotidiano de trabalho. Para 66,1% dos entrevistados, ela ajuda na obtenção de informações e planejamento das atividades, enquanto 43,3% apontaram a gestão da propriedade.
E o auxílio na tomada de decisões não para por aí, 40,5% dos produtores informaram que usam as tecnologias para compra e venda de insumos e da produção. O mapeamento e planejamento do uso da terra, bem como a previsão de riscos climáticos é monitorada por 32,7% dos participantes.
Incentivos para Agricultura Digital
Apesar do rápido desenvolvimento da agricultura digital no Brasil, existem alguns gargalos que dificultam a adesão de mais produtores. Como exemplo podemos pontuar a baixa oferta de mão de obra qualificada, cobertura insuficiente do sinal de internet e poucas linhas de crédito específicas para aquisição de tecnologia no campo.
A fim de reduzir os entraves e estimular os produtores rurais a implementarem as tecnologias digitais na produção, foi criada em 2019, a Câmara do Agro 4.0. A iniciativa idealizada pelo governo federal, por intermédio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) tem objetivo de impulsionar as práticas de agricultura digital e de precisão.
O papel da Câmara é intermediar as prioridades do setor rural, listando ações e iniciativas que ampliem as oportunidades de acesso às tecnologias, independente do tamanho da propriedade e adequadas à realidade do agronegócio nacional.
Para alcançar esse objetivo foi elaborado um Plano de Ação a ser desenvolvido entre 2021 e 2024 e reunirá esforços do poder público e privado, de forma a cumprirem os processos necessários para democratização da agricultura digital.
Você, produtor rural, deve estar pensando, como esse plano pode ajudar a implantar as tecnologias digitais no meu negócio? A resposta é também simples. Será por meio de projetos de qualificação técnica e profissional que ensinam a equipe a identificar problemas e soluções para a lavoura, além de ensinar produtores a dominarem o manejo dos equipamentos tecnológicos disponíveis.
No cenário nacional, uma iniciativa se antecipou com a proposta de estruturar uma Associação para promover tecnologias de ponta, focadas no desenvolvimento do campo. A ConectarAGRO reuniu grandes empresas como AGCO, Climate, CNH Industrial, Jacto, Nokia, Solinftec, Tim e Trimble, com objetivo de disponibilizar a LTE 4G 700 MHz, uma tecnologia que oferece melhor desempenho de equipamentos digitais, na área rural.
A tecnologia da ConectarAGRO está alinhada com os objetivos da Agricultura Digital e possibilita o aumento da cobertura de internet nas áreas rurais ou remotas, por intermédio de infraestrutura composta por rádios e antenas. Dessa forma, as propriedades terão acesso a soluções tecnológicas como: drones, máquinas autônomas (controladas remotamente), inteligência artificial e internet das coisas.
Ajustes que devem ser priorizados para popularização da Agricultura Digital
As dificuldades no acesso à internet ainda preocupam todos os setores econômicos e com a agropecuária não é diferente. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa Estatística (IBGE) em 2019, revelou que os moradores da área rural encontram entraves na utilização da tecnologia.
Na visão geral, 86,7% dos domicílios brasileiros utilizam internet, sendo 82,7% na cidade, contra 55,6% no campo. Os moradores da área rural informaram que entre os motivos do baixo acesso, estão:
- 25,35% alto custo,
- 24% não tem interesse em utilizar,
- 21,4% nenhum familiar sabe usar,
- 19,2% não têm acesso a internet disponível na região,
- 6,65% não tem o equipamento eletrônico necessário, e
- 3,5% por outros motivos.
Como parte da solução, em dezembro do ano passado, o governo federal sancionou a Lei nº 9.998, de 17 de agosto de 2000, que libera o uso dos recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), para serviços de banda larga e investimentos na internet rural. O projeto defende que a medida estimulará a conectividade no campo, impulsionando assim, a Agricultura Digital.
A baixa oferta de mão de obra especializada é outro desafio enfrentado pelos produtores rurais, a fim de conseguirem implantar novos mecanismos tecnológicos. A falta de conhecimento vai desde trabalhadores que não sabem manusear os veículos aéreos não tripulados (Vant), até a leitura dos dados gerados pelos equipamentos.
As principais iniciativas são desenvolvidas por entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que por intermédio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) promove cursos de capacitação em Agropecuária Digital e vários equipamentos utilizados no processo produtivo.
O incentivo à digitalização das propriedades rurais tem no Plano Agrícola e Pecuário (PAP), a maior oportunidade de acesso à linhas de créditos com taxas mais baixas do que as praticadas nas instituições bancárias privadas.
Para se ter uma ideia, o Crédito Rural 2020/2021 destinou R$6,7 bilhões para o programa Moderfrota (compra de frota) e R$1,2 bilhões para o Moderagro (modernização e expansão da atividade rural).
Quais os cenários para o futuro da agricultura digital?
Mesmo se popularizando rapidamente no campo, há ainda alguns entraves que o setor enfrentará no futuro próximo e que precisam ser superados.
Isso acontece porque alguns dos recursos mais atualizados do mercado ainda não estão disponíveis para a maioria dos produtores rurais, contudo, a velocidade das pesquisas e atualizações de componentes devem reduzir os preços e assim, alcançar mais cadeias produtivas. Elencamos aqui, os mais assertivos:
Drones/Vants – São equipamentos guiados remotamente com utilização na análise da plantação, detecção de pragas e doenças, falhas no plantio, excesso ou falta de irrigação, entre outras averiguações. Com auxílio de softwares instalados, realizam a captação e análise de imagens coletadas nos voos.
Robótica – Na agricultura, a utilização de robôs está presente no monitoramento da lavoura, pulverização, irrigação, poda e aragem. O processo automatizado proporciona maior rendimento das atividades e facilita a execução de serviços repetitivos.
Internet das Coisas (IoT) – essa tecnologia auxilia, principalmente na prevenção e resolução de problemas do manejo diário. Um exemplo positivo é a utilização de sensores conectados e distribuídos no interior de uma estufa. O equipamento registra informações sobre mudança de temperatura e como podem afetar a produção.
Big Data – Trata-se de um grande sistema de banco de dados que, cada vez mais, tem sido implementado na agricultura, possibilitando um melhor e maior fluxo de informações. A tecnologia permite a análise de um grande número de informações, caso do cruzamento de dados de precipitação com o período de plantio, de forma a elencar a melhor época para semeadura.
As possibilidades de utilização da Agricultura Digital atendem todas as cadeias produtivas do agronegócio nacional e podem contribuir para que os índices produtivos melhorem ainda mais.
Outro ponto que deve ser analisado, é que as tecnologias utilizadas vêm demonstrando um grau de assertividade cada vez maior, em questões como proteção do solo, redução de pragas, recuperação de áreas degradadas e otimização de espaços produtivos.
Conclusão
Trouxemos informações para esclarecer os produtores rurais que ainda têm preocupação sobre a implementação de tecnologias digitais. A utilização correta e conhecimento especializado proporcionará ganhos financeiros mais robustos, preservação do meio ambiente e diversidade de culturas e criações.
Os serviços tecnológicos oferecidos por muitas empresas da área levam aos produtores rurais o que há de mais moderno em agricultura digital, condições para monitoramento efetivo da lavoura, por meio de softwares focados em áreas específicas do sistema de produção agrícola.
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