A rastreabilidade de alimentos é um tema cada vez mais relevante para o agronegócio, sobretudo quando pensamos nas demandas dos clientes e do mercado por uma governança ambiental transparente em todas as fases da cadeia produtiva.
Com a digitalização de processos, os agricultores têm acesso a ferramentas que permitem rastrear toda a produção e distribuição dos alimentos, garantindo maior segurança, qualidade e valor agregado para os consumidores.
Neste artigo, abordamos o conceito de rastreabilidade de alimentos, sua importância para o agronegócio e como as tecnologias habilitadas pela conectividade podem ser utilizadas para aprimorar esse processo. Boa leitura!
O que é rastreabilidade de alimentos?
É fato: em meio a crises ambientais e climáticas, a rastreabilidade de alimentos é uma ferramenta que veio para ficar na no agronegócio. Isso porque seu objetivo é monitorar e registrar todas as etapas da cadeia, desde a produção na fazenda até a chegada nas prateleiras dos supermercados.
Este mapeamento demanda uma extensa coleta de informações sobre a origem, fabricação, venda e consumo, os quais são devidamente vistoriados por órgãos de certificação e podem também ser acessados pelo cliente final por meio de chaves de acesso ou mesmo QR Code.
A imagem abaixo resume o processo:
Na agropecuária, por exemplo, já existem aplicativos que trazem dados sobre a procedência do produto comprado por meio de fotografias e números de série.
Ainda segundo a Embrapa, os sistemas de rastreabilidade podem atender a diferentes propósitos, como aumentar a transparência ao longo da cadeia, promover um sistema eficiente de recall de produtos, evitar irregularidades e mesmo auxiliar no controle de epidemias e problemas sanitários.
Além disso, a rastreabilidade de alimentos vem se tornando uma questão de valor agregado, comunicando ao consumidor os atributos de um produto específico.
O Café Santa Emília — fazenda de café contemplada no projeto ConectarAGRO-UFV —, por exemplo, indica o tipo de grão plantado, a localização do plantio e em quais condições foi ele desenvolvido. Tais informações uma visão detalhada aos consumidores de cafés especiais.
Ou seja, rastrear significa responder às seguintes questões: quem produziu? O quê? Quando? Como? E para quem vendeu?
Qual a importância da rastreabilidade de alimentos para o agronegócio?
A rastreabilidade de alimentos desempenha um papel fundamental no agronegócio, trazendo impactos positivos para os produtores, distribuidores, varejistas e, principalmente, para os consumidores.
De acordo com a pesquisa “Rastreabilidade de Produtos Vegetais – Desafios e Propostas” realizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), 74% dos entrevistados que fazem rastreabilidade de seus processos observaram importantes benefícios, sobretudo na gestão da propriedade.
Para se ter ideia, ao implementar sistemas eficientes de rastreabilidade, é possível:
- Garantir a segurança alimentar: A rastreabilidade permite identificar possíveis contaminações ou problemas de qualidade em um lote específico de alimentos. Dessa forma, é possível tomar medidas rápidas e precisas para evitar a disseminação de produtos inadequados para consumo, protegendo a saúde dos consumidores.
- Aumentar a confiança do consumidor: Com a rastreabilidade, os consumidores têm acesso a informações detalhadas sobre a origem e as práticas de produção dos alimentos que consomem. Isso gera maior confiança na qualidade e segurança dos produtos, fortalecendo a imagem da marca e fidelizando os clientes.
- Cumprir exigências regulatórias e padrões de qualidade: Em muitos países, a rastreabilidade de alimentos é uma exigência legal. Além disso, diversos padrões de qualidade e certificações exigem sistemas eficientes de rastreabilidade. Ao adotar essas práticas, os agricultores estão em conformidade com as regulamentações e podem acessar mercados mais exigentes.
Tecnologias auxiliam na rastreabilidade de alimentos
Mais do que a simples data de validade, a rastreabilidade de alimentos traz um grande volume de informações como uso de defensivos, modo e local de armazenamento, propriedades nutricionais, mapeamento de colheita e certificados de qualidade.
Vale destacar que esses já são dados consolidados por diferentes tecnologias digitais, justamente para controle e acompanhamento dos cultivos. Portanto, uma fazenda conectada e automatizada pode facilmente implementar um processo ágil e eficiente de rastreio.
Com uma conexão estável e de qualidade, os agricultores podem utilizar diversas tecnologias para otimizar o processo de rastreamento. Alguns exemplos são:
- Sistemas de gestão agrícola: Por meio de aplicativos e softwares específicos, os agricultores podem registrar informações sobre o cultivo, como uso de insumos, práticas de manejo, colheita e transporte. Esses dados podem ser acessados em tempo real, permitindo um acompanhamento preciso de todo o processo.
- Sensores e Internet das Coisas (IoT): Sensores instalados nas máquinas agrícolas, silos e câmaras de armazenamento permitem monitorar as condições de temperatura, umidade e qualidade dos alimentos. Com a conectividade no campo, essas informações podem ser transmitidas para um sistema central, permitindo um controle mais eficiente e identificação rápida de qualquer desvio.
- Blockchain: A tecnologia blockchain oferece uma forma segura e transparente de registrar e compartilhar informações sobre a rastreabilidade de alimentos. Ela permite criar um registro imutável de todas as transações e eventos ao longo da cadeia de produção e distribuição, garantindo a integridade dos dados e possibilitando a verificação por parte dos consumidores.
Conectividade ainda é um desafio para aproveitamento de tecnologias
Importante salientar, no entanto, que a ampla utilização das tecnologias a favor da rastreabilidade ainda esbarra na falta de conectividade no campo. Para a presidente da ConectarAGRO, Ana Helena de Andrade, apenas 11% do campo possui acesso à internet.
Para mudar essa realidade, a ConectarAGRO reúne empresas de diferentes setores do universo agro por conta de um único propósito: viabilizar a internet 4G em todas as áreas rurais do Brasil, fomentando assim a Agricultura 4.0.
Neste ano, a Associação anunciou a cobertura de 14,4 milhões de hectares de áreas rurais e remotas no Brasil por meio da banda larga 4G em 700 MHz. O número beneficia cerca de 1,1 milhões de pessoas, 90 mil propriedades rurais cobertas, 525 cidades, 13 estados, 65 unidades básicas de saúde e 221 escolas públicas em áreas rurais.
Visando à relevância da digitalização do agro, a ConectarAGRO busca liderar a pauta de conectividade no campo por meio de políticas privadas e públicas.
E você, agricultor, já utiliza a rastreabilidade de alimentos em sua produção? Pretende implementá-la? Deixe nos comentários!