Produtores de pequeno porte, cooperativismo e tecnologias integradas são temas da Hora da Conectividade

A intersecção entre tecnologia e agricultura foi o ponto central da programação da ConectarAGRO durante a Agrishow 2023, com a realização da Hora da Conectividade, ciclo de palestras promovido pela Associação.

Em modo presencial, as apresentações abertas ao público geral foram realizadas por especialistas do agronegócio, reforçando os impactos de soluções tecnológicas no meio rural. Desta vez, os convidados foram Aziz Galvão, professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Armando Sugawara, consultor do Sistema OCESP, Rafael Mascarenhas, especialista comercial do Broto, e Sidney Silva, assessor de Agronegócios do Banco do Brasil.

Em cinco dias de evento, três palestras abordaram assuntos como impacto da internet na propriedade rural de pequeno e médio porte, relevância de cooperativas para o agro e linhas de créditos dedicada a agricultores.

Impacto da conectividade em pequenas propriedades

Em sua apresentação, Aziz Galvão reiterou os principais resultados do Convênio ConectarAGRO-UFV, com foco nos produtores de pequeno e médio porte localizados na Zona da Mata mineira. Para o professor e pesquisador, o projeto justifica-se pelo alto impacto que a agricultura 4.0 viabilizada pelas telecomunicações gera na rentabilidade das fazendas.

“Temos 3,9 milhões de propriedades rurais no país, representando 77% dos estabelecimentos e alimentando cerca de 33% da população mundial. Por sua vez, a Zona da Mata é representativa para outras regiões do Brasil no que diz respeito às características e dificuldades”, pontua.

Durante a primeira etapa do projeto de extensão, os alunos participantes aplicaram um questionário de diagnóstico e de percepção da tecnologia em uma amostra de 100 agricultores. Os principais resultados indicam que 85% das propriedades rurais visitadas possuem acesso à internet, sendo 49% delas conectadas por redes via rádio privadas. Ainda, 67% dos produtores utilizam as redes para compras de insumos.

A segunda etapa dedicou-se à capacitação e desenvolvimento de materiais para a mensuração de rentabilidade das propriedades. Dessa forma, 25 produtores foram selecionados para coleta de inventário, análise de movimento de caixa e mapeamento da propriedade.

O intuito é que as conclusões da investigação científica sirvam de base para a produção de políticas públicas focadas na valorização do sistema agropecuário brasileiro por meio da cobertura de conectividade no meio rural, segundo informa Galvão.

Cooperativas são atores estratégicos para o sucesso do agro conectado

Demonstrando a alta relevância das cooperativas no Brasil, Armando Sugawara trouxe uma visão de dados acerca da união entre produtores rurais como fortalecimento da cadeia agrícola no país.

Segundo o consultor do Sistema OCESP, o Brasil possui cerca de 3 milhões de cooperativas, número que gera mais de 280 milhões de empregos. “Esses são números racionais que traduzem e refletem as cooperações entre os produtores. Para ter ideia, se todas as cooperativas fossem um país, elas seriam a 8ª economia do mundo”, afirma.

Outro ponto interessante é a capilaridade das cooperativas no território nacional. Cerca de 40,6% das cidades brasileiras possuem ao menos uma cooperativa instalada. Por sua vez, tais organizações inspiram confiança por conta dos processos de gestão estabelecidos.

“Estamos falando de empresas que possuem governança, a negociação é mais segura porr ter um requisito legal para operá-la”, aponta Sugawara. “50% das cooperativas ativas têm mais de 20 anos de existência no mercado”.

No que diz respeito ao perfil das 1.170 cooperativas totalmente direcionadas ao agro, grande parte delas está voltada à comercialização de insumo, o que não significa uma restrição a tal atividade somente. “Elas beneficiam a cadeia como tudo, gerando um faturamento nacional de 112 bilhões de reais em insumo”, continua Sugawara.

Apesar da magnitude das cooperativas, ela é composta por agricultores de menor porte, em busca de objetivos comuns. “Muitas vezes são propriedades menores que 50 hectares. Fazendo parte de cooperativas, os produtores conseguem ter mais escala por conta de acesso mais barato à tecnologia e conectividade”, finaliza o consultor do Sistema OCESP.

Linhas de créditos impulsionam o uso de soluções tecnológicas no campo

 Ao incorporar a inovação tecnológica em sua propriedade rural, muitas vezes o agricultor recorre a empréstimos para expandir o seu poder de compra a médio e longo prazo. Nesse sentido, o Banco do Brasil é o maior parceiro do agronegócio, conforme aponta Sidney Silva.

De acordo com o assessor de Agronegócios do Banco do Brasil, a instituição financeira abrange mais de 5.377 municípios por meio e uma carteira agro de R$307,9 bilhões. Os indicadores também denotam a responsabilidade ambiental. São mais de R$149,5 bilhões em negócios sustentáveis e créditos de baixo carbono. “Chegamos a esses números por meio de nossas linhas de crédito como o Custeio e o Inovagro. São destinadas à conectividade e estão em modelo digital, podendo ser feitas pelos parceiros e no app do banco.”, explica.

Entre as linhas mais contratadas, o Custeio Agropecuário permite o financiamento de despesas com insumos, tratos culturais e colheita do ciclo produtivo da lavoura. Para Silva, é um capital de giro da pessoa jurídica, na qual é possível incluir serviços como internet e agricultura de precisão no orçamento anual do produtor.

Já o Inovagro tem foco no aumento da produtividade e adoção de boas práticas agropecuárias por meio da competitividade tecnológica. Desse modo, agricultores podem contratar créditos para uma série de bens e serviços, como softwares de automação, equipamentos de agricultura de precisão, consultorias para capacitação técnica e gerencial de atividades produtivas, além de assistência técnica para execução de projetos.

O escopo do Banco do Brasil ainda contempla o Broto, plataforma digital voltada ao agronegócio. Segundo Rafael Mascarenhas, o ecossistema já contabiliza mais de 720 mil acessos desde sua criação em 2020, superando a marca de R$2 bilhões movimentados com vendas online de máquinas e equipamentos.

O foco está nos 1,5 milhão de produtores rurais, com a expectativa de atingir os 4 milhões de clientes espalhados pelo Brasil. Para acessar o Broto, é simples: basta baixar o aplicativo ou mesmo entrar no site oficial.

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