Incentivo à tecnologia integrada e benefícios de cobertura no campo são os principais temas da Hora da Conectividade

A Hora da Conectividade, ciclo de palestras sobre agricultura digital, integrou a programação da ConectarAGRO durante a Agrishow 2022, feira agrícola realizada entre 25 a 29 abril, em Ribeirão Preto-SP. 

Com o objetivo de apresentar ao público os benefícios da conectividade aliada às novas tecnologias e soluções, as apresentações foram realizadas por profissionais especialistas atuantes no mercado do agronegócio. Estiveram presentes os porta-vozes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil, Usina Caeté e CNH Industrial.  

Ao longo de cinco dias de evento, o estande da ConectarAGRO contou com quatro palestras sobre credenciamento de serviços 4.0 agrícolas, serviços digitais, redução de custos em operações e benefícios do consumo racional de fertilizantes agrícolas.

Incentivo à conectividade no campo é uma realidade 

Dando início ao evento, o engenheiro de produção do BNDES, Angelo Fuchs, apresentou os produtos dos bancos voltados ao apoio de produtores rurais e de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). 

Entre eles, destaca-se o credenciamento de Serviços 4.0, linha de financiamento que visa estimular o uso e contratação de novos serviços voltados à agricultura digital. Trata-se de uma linha inovadora que demonstra o compromisso do banco com o processo de digitalização de diversos setores, inclusive o agrícola. São mais de 103 serviços e 51 empresas credenciadas à disposição de micro, pequenos e médios produtores rurais.

Outros produtos, como o BNDES Crédito Rural, também foram apresentados. O objetivo desses é promover atividades agropecuárias e agroindustriais por meio de financiamentos para custeio e investimento de máquinas e equipamentos. A partir da mediação de bancos, cooperativas e fintechs, os gestores podem receber apoio tanto na prospecção por crédito quanto na gestão financeira de seus empreendimentos. 

A agenda do BNDES também prevê o fomento às tecnologias 4.0 aliadas ao agronegócio, no intuito de digitalizar a estrutura produtiva agrícola. Segundo o porta-voz, mais de 64 mil operações foram realizadas para o financiamento de equipamentos, componentes e bens industrializados com características de manufatura avançada e de Internet das Coisas (IoT). 

A título de exemplo, o programa BNDES Finame Máquinas 4.0 contabilizou mais de R$120 milhões aprovados até fevereiro de 2022, quantia direcionada à compra de máquinas de corte inteligente e tratores com tecnologia conectada. 

A iniciativa à conectividade no campo também é pauta para outras instituições financeiras, como o Banco do Brasil. O diretor do BB Diagro, Antônio Mourão, realizou uma apresentação institucional sobre o banco, enquanto o gerente executivo do Broto, Francisco Martinez, tratou sobre a plataforma digital que oferece soluções criativas e integradas aos agricultores que buscam aumentar sua produtividade com máxima economia.  

Segundo Martinez, o ecossistema centraliza serviços correlatos a toda cadeia produtiva agrícola. Ao acessá-lo, produtores rurais podem realizar orçamentos de máquinas e implementos agrícolas das principais fabricantes do mercado. Quem integra o Broto tem acesso facilitado ao crédito do Banco do Brasil e à proteção do BB Seguro, reforça o diretor.

Em apenas 22 meses, a plataforma movimentou aproximadamente R$ 1,5 bilhão, traduzindo os mais de 670 mil acessos realizados por 500 mil usuários. De acordo com dados divulgados do Broto, mais de 2 mil produtos são oferecidos por cerca de 400 parceiros. 

Exemplos práticos demonstram os benefícios da conectividade na produção agrícola

O superintendente da Usina Caeté, Mário Sergio da Silva, apresentou um projeto de aprimoramento dos recursos operacionais na colheita de cana-de-açúcar em Alagoas, totalmente baseado na conectividade. Segundo o representante, a estratégia conta com uma central de inteligência agrícola, a qual é composta pela rede de monitoramento online sobre gestão de frotas leves, colheita mecanizada, checagem de preparo de solo e de irrigação. 

A integração entre os equipamentos oferece a otimização do transbordo – processo em que os maquinários recebem a cana que foi colhida para carrega-la até o local de transferência de carga. O cruzamento instantâneo de dados, durante 24 horas por dia nos 365 dias do ano, resultou também na implantação do certificado digital de cana, a partir do qual os operadores recebem informações sobre a origem e qualidade do material coletado.  

Graças à otimização aplicada, a companhia corrige as operações logísticas que não condizem com as metas estabelecidas. Conforme explicou Mário Sérgio da Silva, a Usina Caeté reduziu os custos em mais de R$ 4 milhões, com um potencial de 15% em ganhos operacionais de corte, transbordamento e transporte de cana. 

Já o foco da CNH Industrial está na racionalização da aplicação de fertilizantes agrícolas – substâncias responsáveis por nutrir as plantações para seu crescimento saudável –  por meio do uso de aplicações conectadas que permitem o completo diagnóstico do solo antes do processo de fertilização, dando à terra o que ela precisa na quantidade exata.

Conforme apontou o especialista em Produto Digital da empresa, João Henrique Reis, a presença de sensores em maquinários auxilia no mapeamento e diagnóstico físico do solo. Como resultado, os monitoramentos digitais conferem maior produtividade e lucratividade aos produtores e empresas, isso porque a conectividade otimiza as aplicações a partir dos dados variáveis analisados em tempo real. 

Os indicadores de regiões de fertilidade, de compactação e de descompactação contribuem significativamente para a redução de aplicação de fertilizantes. Para exemplificar, a CNH Industrial atingiu uma economia de 35% das substâncias em uma área de 847 hectares.