Dados, conectividade e sustentabilidade: expandindo as fronteiras da produção agrícola

Drones, sensores conectados e máquinas integradas que geram dados e recomendações em tempo real sobre as ações a serem tomadas. Essas tecnologias parecem ser comuns apenas nas grandes indústrias urbanas, mas já é uma realidade no campo com a Fazenda Conectada, projeto inovador da Case IH — associada da ConectarAGRO —, em Água Boa-MT. Com soluções avançadas e um ecossistema completo de agricultura digital, a iniciativa tem o objetivo de demonstrar os benefícios que a conectividade aberta traz para a operação agrícola, o produtor rural e toda a comunidade.

O assunto foi pauta da Hora da Conectividade, evento on-line organizado mensalmente pela ConectarAGRO. As convidadas Paola Campiello, gerente de Soluções e Conectividade da CNH Industrial, e Leticia Fernanda da Costa, especialista em Marketing Comercial da Case IH, realizaram um panorama sobre a fazenda escolhida para o projeto, além das ações realizadas para desenvolvimento da conectividade na área rural.

Com mais de 3 mil hectares e localizado em um dos maiores polos produtores de soja no Mato Grosso, o laboratório em campo foi selecionado ainda na pandemia, quando a associada da ConectarAGRO começou a entender qual o melhor local para isolar o fator da conectividade e compreende seus benefícios. A estratégia foi desenvolvida com base nos pilares de parcerias, avaliações e pesquisas.

“É uma fazenda viva, real, que tem problemas do dia a dia, e que é excelente para produzir mais, produzir melhor, incluir gestão e torná-la sustentável para que seja replicada em outras propriedades com inúmeros tipos de cultura”, afirma Paola.

Segundo as convidadas, o Fazenda Conectada previu uma jornada de impacto social para que a conectividade não só chegasse ao local, mas que todas as pessoas soubessem utilizá-la como uma ferramenta de desenvolvimento. Para isso, foram oferecidos cursos de capacitação e oficinas de empreendedorismo.

“O maior desafio a ser superado é o mindset das pessoas, além de qualificação, mão de obra, máquinas padronizadas e gestão de dados. Uma fazenda conectada demanda também a mudança de cultura organizacional, de novos métodos de trabalho”, observa Paola.

Uma vez instalados o ecossistema digital — composto por máquinas embarcadas por inteligência artificial, telemetria e torres de 4G em 700MHz, em parceria com a TIM —, os estudos comparativos começaram a identificar o impacto da agricultura digital na eficiência agrícola, na viabilidade econômica e na sustentabilidade.

“No que se refere à safra de 2022/2023, a Fazenda Conectada obteve uma produtividade 13,4% maior do que a média brasileira geral, obteve um crescimento de 18% em comparação com 2021. Com a conectividade, mudança de cultura e utilização das ferramentas, houve uma redução de 5,7% de redução de tempo de motor ocioso, reduzindo três dias na janela de colheita”, explica Letícia.

Uma produtividade que de fato gere benefícios ao planeta e à sociedade também deve considerar o fator sustentabilidade, já que tal visão estratégica prevê o uso racional dos mais variados recursos. E esse processo só é possível com a agricultura de precisão e sua capacidade de computar de forma exata o que foi aplicado em cada talhão e qual foi a taxa de eficiência de cada etapa.

“Passamos a produzir mais com menos, reduzindo o consumo de combustível e economizando a aplicação de fertilizantes. Considerando esses fatores, a Fazenda Conectada chegou a uma redução de 10% na pegada de carbono com as ferramentas digitais”, aponta Leticia.

Os próximos passos do projeto, que servirá de base para o Convênio ConectarAGRO-UFV, contemplarão novas tecnologias para ampliar os resultados por meio da gestão inteligente de dados agronômicos.

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